Obama desafia Rússia a aceitar cortes nucleares mais profundos
O presidente americano Barack Obama usou um discurso nesta quarta-feira em Berlim para conclamar a Rússia a retomar a iniciativa por um mundo livre de armas nucleares, oferecendo reduzir em um terço o arsenal nuclear mobilizado, proposta imediatamente ironizada por Moscou.
Falando em uma cidade onde John Kennedy e Ronald Reagan proferiram importantes discursos na Guerra Fria, Obama pediu à Rússia que ajude a construir um "novo (tratado) Start" que exija que cada um dos dois países reduza o número de ogivas nucleares para 1.550 até 2018.
O discurso, um dia depois de Obama se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, em uma cúpula em que eles discordaram publicamente a respeito da Síria, teve uma recepção gélida na Rússia, cujo governo afirmou "não poder levar a sério tais propostas" num momento em que os Estados Unidos estão reforçando suas defesas antimísseis.
"Após uma abrangente revisão, determinei que podemos garantir a segurança da América e dos nossos aliados e manter uma dissuasão estratégica firme e plausível, e ao mesmo tempo reduzir em até um terço as nossas armas nucleares estratégicas mobilizadas", disse Obama.
"Pretendo buscar cortes negociados com a Rússia e ir além das nossas posturas nucleares da Guerra Fria", afirmou ele no Portão de Brandemburgo, que no passado ficava em frente ao Muro de Berlim, que dividia a parte oriental da cidade (comunista) da ocidental (capitalista).
A Rússia diz que os planos antimísseis dos Estados Unidos contrariam a meta de redução de armas, por obrigar Moscou a reter mais mísseis ou perder sua capacidade dissuasiva.
"Como podemos levar a sério a ideia de reduções de armas nucleares estratégicas quando os Estados Unidos estão incrementando sua capacidade de interceptar tais armas nucleares estratégicas?", disse o vice-premiê Dmitry Rogozin.
"Essas coisas claramente não andam juntas. É óbvio que a mais alta liderança russa não pode levar essas propostas a sério."
A visão de Obama de um "mundo sem armas nucleares", apresentada em um discurso em Praga em 2009, após três meses de mandato, lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz. Mas seus resultados modestos alimentam críticas de que o prêmio pode ter sido prematuro.