Nova estratégia do Pentágono deve focar guerras múltiplas
As Forças Armadas americanas devem adotar uma mudança de foco nas suas atividades, passando a priorizar o combate de uma ampla gama de ameaças simultâneas, de ataques virtuais ao terrorismo, de acordo com um esboço do plano estratégico formulado pelo Pentágono a cada quatro anos.
A revisão da estratégia de defesa, feita a cada quatro anos, deverá ser apresentada ao Congresso americano nesta segunda-feira.
Ela marca uma ruptura com o objetivo anterior de equipar as Forças Armadas para combater principalmente dois grandes conflitos a qualquer momento.
A nova estratégia se refere a ameaças como ataques de hackers, aquecimento global e insurgência guerrilheira.
O documento está sendo revelado no mesmo dia em que o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, deve apresentar o Orçamento para a Defesa.
Os planos de gastos de Gates para 2011 somam cerca de US$ 700 bilhões, um aumento de apenas 2% em relação ao Orçamento deste ano, segundo a versão preliminar do documento.
Apesar disso, o orçamento para 2011 evita grandes cortes em grandes programas de armamentos, como ocorreu na proposta do último ano.
"Multiplicidade de ameaças"
O Pentágono é obrigado pelo Congresso a revisar as prioridades do país para a Defesa a cada quatro anos.
O documento preliminar deste ano afirma que "não é mais apropriado falar em 'grandes conflitos regionais' como a única ou mesmo a principal base para definir o tamanho, a forma e a avaliação das forças americanas".
O texto destaca "uma multiplicidade de ameaças", incluindo ataques por satélite e de hackers, além de grupos terroristas e a perspectiva do aparecimento de mais nações com armas nucleares.
Mas ele diz que a principal prioridade militar é "vencer as guerras atuais", citando a necessidade de "desmantelar redes terroristas" no Afeganistão e no Iraque.
O plano aloca novos recursos para helicópteros, aviões não tripulados e unidades de operação especiais, que têm um papel importante em ambos os conflitos.
O documento estabelece ainda um plano de batalha conjunto da Força Aérea e da Marinha para conter ameaças de países como a China, o Irã e a Coreia do Norte, citando seus cada vez mais sofisticados sistemas de defesa e de ataque aéreos.
O texto diz ainda que Gates vai buscar uma revisão geral dos sistemas de compras militares para que os Estados Unidos possam conseguir suprimentos importantes mais rapidamente para suas próprias bases e para as bases de seus aliados em todo o mundo.
O novo documento também identifica pela primeira vez o aquecimento global como um possível desencadeador de instabilidade ou conflitos em todo o mundo.