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Estados Unidos

New York Times e The Guardian pedem clemência para Snowden

Editorias pediram que Snowden possam voltar aos EUA com "dignidade"

2 jan 2014 - 14h51
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Edward Snowden em imagem de arquivo
Edward Snowden em imagem de arquivo
Foto: AP

O jornal americano The New York Times e o britânico The Guardian pediram nesta quinta-feira clemência para Edward Snowden, o ex-técnico de inteligência da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) acusado de espionagem por suas revelações sobre os programas de vigilância das comunicações dos Estados Unidos.

Em editoriais em separado, os dois jornais defenderam o analista de informática refugiado na Rússia desde junho por seus vazamentos dos programas secretos da NSA e suas técnicas de coleta de dados. "Snowden pode ter cometido um crime", afirmou o Times em seu principal editorial, "mas proporcionou um grande serviço para seu país".

"Considerando o enorme valor da informação que revelou, e os abusos que expôs, Snowden merece mais que uma vida de exílio permanente, medo e fuga", destacou o influente jornal americano. "É o momento de os Estados Unidos oferecerem a Snowden um acordo com a promotoria ou alguma forma de clemência", acrescentou.

Já o Guardian pediu a Washington que "permita que Snowden retorne aos Estados Unidos com dignidade", classificando suas revelações como "um ato de coragem moral".

Neste sentido, o Times pediu que se faça um trato com Snowden que permita que ele "volte para casa e enfrente ao menos um castigo substancialmente reduzido".

O presidente Barack Obama aceitou o debate sobre o papel da NSA, mas se nega a discutir a possibilidade de uma anistia ou indulto presidencial para o ex-técnico. Em meados de dezembro, a Casa Branca insistiu que o fugitivo deve retornar ao país e enfrentar a justiça.

"Nossa posição não mudou neste assunto em absoluto", declarou o porta-voz do Executivo, Jay Carney. "Snowedn foi acusado de vazar informações confidenciais e enfrenta acusações por delitos graves nos Estados Unidos", acrescentou.

A promotoria federal americana acusou Snowden de espionagem e roubo de propriedade do governo.

O pedido de clemência ganhou força nesta quinta-feira com uma mensagem no Twitter do diretor da organização Human Rights Watch, Kenneth Roth. "Snowden expôs uma grave má conduta. Outros que apresentam denúncias oficiais foram ignorados/perseguidos. Ele deve ser indultado", tuitou.

Os editoriais também repercutiram os comentários de Rick Ledgett, funcionários da NSA que dirigiu um grupo de trabalho que investigou os danos causados pelos vazamentos de Snowden. Ledgett afirmou ao programa "60 minutes" da CBS, no mês passado, que estaria aberto a um trato com Snowden se ele deixar de expor os segredos do governo.

Em sua primeira aparição na TV desde que se refugiou em Moscou, em junho passado, o ex-analista fez uma defesa da privacidade em uma mensagem "alternativa" de Natal, transmitida em 25 de dezembro pela emissora britânica Channel 4.

Após desejar Feliz Natal aos telespectadores, Snowden falou da descoberta de um sistema de vigilância global e que "juntos podemos encontrar um equilíbrio maior, acabar com a vigilância maciça e lembrar ao governo que se realmente quer saber como nos sentimos, perguntar é mais barato do que espionar".

Snowden desatou a polêmica após revelar os programas de vigilância da NSA (sigla em inglês para a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos), particularmente com relação a países aliados dos Estados Unidos e seus líderes, como a presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela Merkel.

Suas revelações sobre o programa de espionagem generalizado de conversas telefônicas e trocas de mensagens na internet realizada pelos Estados Unidos e alguns aliados provocaram uma grande indignação e crises diplomáticas em alguns países.

Segundo os documentos vazados por Snowden, os alvos da espionagem variavam de cidadãos comuns a empresas e líderes de países amigos.

O governo americano acusa Snowden de vazar documentos da NSA e ter causado "um dano desnecessário às capacidades de inteligência e à diplomacia americana", nas palavras do presidente Barack Obama.

O ex-analista está em Moscou, onde conseguiu asilo até agosto próximo, após chegar em junho e passar mais de um mês no aeroporto da capital russa.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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