PUBLICIDADE

Estados Unidos

Negociações nucleares com Irã vão além do prazo e EUA ameaçam se retirar

31 mar 2015 - 19h41
(atualizado às 19h41)
Compartilhar
Exibir comentários

Os Estados Unidos disseram nesta terça-feira que o Irã e outras potências mundiais continuarão negociando um acordo preliminar sobre o programa nuclear iraniano além do prazo de meia-noite, mas alertaram que estão dispostos a abandonar as conversas.

Autoridades aguardam reunião sobre impasse nuclear com P5+1, União Europeia e Irã no hotel Beau Rivage Palace, em Lausanne, na Suíça, nesta terça-feira. 31/03/2015
Autoridades aguardam reunião sobre impasse nuclear com P5+1, União Europeia e Irã no hotel Beau Rivage Palace, em Lausanne, na Suíça, nesta terça-feira. 31/03/2015
Foto: Brendan Smialowski / Reuters

Com o Irã firme em relação aos seus "direitos nucleares", as negociações na cidade suíça de Lausanne pareciam não avançar, ao mesmo tempo em que negociadores alertaram que qualquer acordo a ser firmado no momento poderia ser frágil e incompleto.

O Departamento de Estado norte-americano disse que os esforços para se chegar a um acordo iriam além do prazo autoimposto de 31 de março.

"Fizemos progresso suficiente nos últimos dias para justificar uma permanência até quarta-feira", disse a porta-voz interina do departamento, Marie Harf, em comunicado. “Existem várias questões difíceis ainda em aberto.”

Por cerca de uma semana, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China têm tentado quebrar o impasse nas negociações, cujo objetivo é impedir o Irã de adquirir capacidade para desenvolver uma bomba nuclear, tendo como contrapartida o alívio das sanções que prejudicam a economia da República Islâmica.

O acordo político preliminar tem a intenção de estabelecer as bases para a assinatura de um tratado final para resolver a longa disputa nuclear até 30 de junho, mais um prazo autoimposto, mas que as potências ocidentais afirmam não querer adiar.

Um negociador sênior do Irã disse que o país estava disposto a continuar as conversas até que o impasse fosse resolvido. “O Irã não quer um acordo nuclear só para ter um acordo, e um acordo final deve garantir os direitos nucleares da nação iraniana”, disse o enviado Hamid Baidinejad a jornalistas.

Duas fontes diplomáticas de países ocidentais disseram que os iranianos foram informados pelas potências que eles têm até o amanhecer de quarta-feira para decidirem se aceitam o acordo político. Uma autoridade norte-americana negou que isso tenha ocorrido.

O porta-voz da Casa Branca, John Earnest, disse em Washington que os negociadores norte-americanos não vão esperar até 30 de junho para abandonarem as negociações caso um acordo político preliminar não seja alcançado.

“Se não conseguirmos alcançar um acordo político, então não vamos esperar... até 30 de junho para nos retirarmos”, disse ele.

“Estamos avançando, mas está complicado”, disse o chanceler francês, Laurent Fabius, a jornalistas em Lausanne.

Uma fonte da delegação alemã disse que “continua uma questão aberta se vamos obter sucesso”, acrescentando ser “muito cedo para pensar em parar o relógio, (embora isso) possa talvez se mostrar necessário”.

Enviados de ambos os lados disseram que os pontos de maior discordância são a retirada das sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) e as exigências dos iranianos em ter direito irrestrito à pesquisa e desenvolvimento de centrífugas nucleares avançadas, após a vigência dos primeiros 10 anos do acordo.

As outras seis potências querem uma carência maior do que 10 anos sobre os projetos nucleares mais sensíveis do Irã. A meta é encontrar uma maneira de garantir, pelo menos durante os próximos 10 anos, que o Irã permaneça a um ano de distância de produzir material suficiente para um bomba atômica.

(Reportagem adicional Stephanie Nebehay, em Lausanne; de Thomas Grove, em Moscou; de Noah Barkin, em Berlim; de Dan Williams, em Jerusalém; e de Julia Edward, em Washington)

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade