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Estados Unidos

Morte de policias aumenta pressão sobre prefeito de Nova York

22 dez 2014 - 09h11
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O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, enfrenta a maior crise da sua carreira política depois que um homem matou a tiros dois policiais, no fim de semana, num ataque cuja intenção era vingar a morte de negros desarmados pela polícia nos Estados Unidos.

Policiais montem guarda no local em que foi montada uma vigília improvisada, onde dois policiais foram mortos a tiros, no Brooklin, em Nova York. 21/12/2014.
Policiais montem guarda no local em que foi montada uma vigília improvisada, onde dois policiais foram mortos a tiros, no Brooklin, em Nova York. 21/12/2014.
Foto: Carlo Allegri / Reuters

Policiais da cidade viraram as costas para o prefeito em protesto durante uma entrevista à imprensa, e o sindicato da categoria disse que De Blasio tinha sangue nas mãos depois do ataque de sábado.

Investigadores disseram que o responsável pelas mortes é um homem negro de 28 anos com uma longa ficha policial, que talvez tenha tido problemas mentais no passado, e que alertou sobre as suas intenções nas redes sociais.

As suas mensagens no Instagram indicam que ele foi motivado pelas mortes do Michael Brown, de 18 anos, e Eric Garner, em ações policiais.

De Blasio foi eleito no ano passado prometendo avançar com os direitos civis depois de duas décadas de policiamento duro terem ajudado Nova York a superar a reputação por crimes violentos. Ele tem mostrado apoio aos manifestantes que tomaram as ruas de Nova York depois que um juri decidiu, no início do mês, não indiciar o policial que matou Garner com uma gravata em julho, quando ele resistiu à prisão.

A posição do prefeito tem levado a relações tensas com o maior sindicato policial da cidade. Críticos na polícia consideram que o prefeito não tem demonstrado apoio suficiente à corporação em tempos de revolta pública.

"Prefeitos tendem a não se sair muito bem quando o departamento de polícia e os seus homens não estão contentes”, disse o estrategista político de Nova York Hank Sheinkopf, que tinha entre os seus clientes Michael Bloomberg, antecessor do atual prefeito.

As mortes de Garner, em Nova York, e de Brown, em Ferguson, no Missouri, têm gerado protestos violentos no país. Outro juro decidiu também não acusar formalmente o policial envolvido na morte de Brown. Os casos provocaram um debate público sobre raça e policiamento, que tem envolvido inclusive o presidente Barack Obama e o seu secretário de Justiça, também negro, Eric Holder.

Líderes de protestos recentes contra a polícia, incluindo o reverendo Al Sharpton, veterano ativista por direitos civis de Nova York, condenaram o assassinato dos policiais.

Cerca de cem manifestantes, parte de um grupo que recentemente se encontrou com o prefeito para pedir reformas na polícia, fizeram um ato no domingo à noite no Harlem. Em contraste com os tradicionais barulhentos protestos contra a polícia, eles caminharam em silêncio com velas.

Uma vigília pelos policiais também ocorreu no Brooklyn, perto de onde ocorreu o ataque.

Obama falou com o comissário de polícia de Nova York, William Bratton, no domingo, para expressar condolências.

O cardeal de Nova York, Timothy Dolan, alertou sobre as tensões durante uma missa no domingo, a qual estiveram presentes Bratton e o prefeito.

"Nos preocupamos com uma cidade tentada pela tensão e a divisão”, disse Dolan.

Os planos para os funerais de Ramos e Liu, os primeiros policiais a morrerem em serviço e a tiros na cidade desde 2001, ainda não foram anunciados. As cerimônias podem chamar ainda mais a atenção para as divisões entre a polícia e o prefeito.

O sindicato havia previamente feito uma campanha para que policiais pudessem pedir ao prefeito e outras autoridades para não comparecerem aos seus funerais se eles morressem em serviço. Não estava claro neste domingo quantos haviam feito a requisição.

(Reportagem adicional de Ian Simpson, em Washington; Anna Yukhananov, em Baltimore; Jason McLure, em Saint Louis; Colleen Jenkins, em Winston-Salem, Carolina do Norte; Sebastien Melo, em Nova York; e P.J. Huffstutter, em Chicago)

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

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