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Estados Unidos

Los Angeles vive noite de distúrbios por jovem de Ferguson

Apesar dos confrontos entre manifestantes e polícia em Los Angeles, a cidade de Ferguson teve uma noite um pouco mais tranquilo

27 nov 2014 - 07h47
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Los Angeles enfrentou distúrbios entre polícia e manifestantes
Los Angeles enfrentou distúrbios entre polícia e manifestantes
Foto: Lucy Nicholson / Reuters

A cidade de Los Angeles viveu uma noite protestos nesta quarta-feira, com episódios isolados de violência que levaram a dezenas de detenções, enquanto Ferguson recupera a normalidade após os distúrbios de segunda-feira por causa do não indiciamento do policial branco que matou a tiros o jovem negro Michael Brown.

Os protestos pela decisão judicial, que na terça-feira se estenderam por 170 cidades de todo o país, continuaram na quarta-feira no centro de Los Angeles, onde a polícia dispersou centenas de manifestantes e efetuou dezenas de prisões.

Nas ruas da cidade californiana era possível ver manifestantes atirando objetos contra os policiais, imagens que contrastaram com restante do país, com pequenas e contidas concentrações que nada tiveram a ver com as interdições de estradas e pontes do dia anterior.

Ferguson vive noite mais tranquila

Em Ferguson, o epicentro dos protestos, havia poucos manifestantes, enquanto a Guarda Nacional fazia a segurança de estabelecimentos comerciais e edifícios, que na segunda-feira foram alvo de depredações e saques.

A aparente calma, provocada talvez em parte pelo intenso frio que castigou essa cidade de 20.000 habitantes, em sua maioria afro-americanos, chegou depois que pelo menos 45 pessoas fossem detidas na madrugada passada durante a segunda noite de protestos.

Protestos em Ferguson foram mais calmos na noite desta quarta-feira
Protestos em Ferguson foram mais calmos na noite desta quarta-feira
Foto: Lucas Jackson. / Reuters

Além disso, as forças da ordem confiscaram duas armas e um coquetel molotov, detalhou hoje o chefe do condado de Saint Louis, Jon Belmer.

No entanto, a noite de terça-feira foi menos violenta do que o previsto na avenida de South Florissant, epicentro dos protestos desde o dia 9 de agosto, quando o policial Darren Wilson matou Brown, que tinha roubado um maço de cigarros de cigarros, em circunstâncias ainda não esclarecidas. Nessa rua está o Departamento de Polícia de Ferguson, habitual ponto de concentração dos manifestantes.

A esmagadora presença da Guarda Nacional, uma força militar de reserva que mobilizou mais de 2.000 agentes, impediu uma repetição dos graves distúrbios da segunda-feira, quando mais de 80 pessoas foram detidas, uma dúzia de edifícios arderam em chamas e se registraram saques e tiros para o alto.

"Não acho que ninguém pensasse que (os distúrbios da segunda-feira) seriam dessa magnitude", afirmou hoje o capitão de Patrulha de Estradas do Missouri, Ronald S. Johnson, em declarações divulgadas pelo jornal local "St Louis Post Dispatch".

Essa violência explodiu horas depois que o júri investigador decidiu não acusar Wilson pela morte de Brown, cuja família voltou hoje a questionar com dureza a decisão judicial.

"Escutamos isso (o veredicto) e foi como ter recebido um tiro. Nada de respeito, nem de compreensão. Nada", disse a irada mãe do jovem, Lesley McSpadden, à emissora "CNN".

Salvo alguns veículos policiais ou carros da Guarda Nacional, a presença das forças de segurança chamou atenção hoje por sua ausência em Ferguson, embora na cidade vizinha de Saint Louis três pessoas tenham sido detidas quando simpatizantes de Brown enfrentaram a polícia em uma tentativa de invadir a prefeitura.

Vários estabelecimentos seguiam hoje fechados e protegidos com painéis de madeira na pequena cidade, apesar de alguns terem decidido abrir suas portas para readquirir uma certa normalidade.

"Não há nada que temer mais que o próprio medo. Há mais coisas positivas nesta cidade que esse campo de batalha no qual se transformou", declarou Suz Pratt, que gerencia um salão de beleza na cidade.

O brincalhão e afro-americano taxista Samson, de 48 anos, espera que "tudo volte à normalidade" em alguns dias, mas fez questão de destacar que o corpo policial local, integrado por uma grande maioria de agentes brancos, deve mudar radicalmente.

"É preciso modificar a lei para que não disparem contra as pessoas. Não confio na polícia. É raro ver agentes negros. A cor da pele não é um problema. O problema é a atitude", ressaltou Samson à EFE.

Embora alguns ânimos sigam quentes em Ferguson, vários moradores otimistas desafiaram hoje o frio e foram às ruas para decorar com motivos natalinos os painéis de madeira que ainda protegem muitos negócios perante eventuais distúrbios.

"Estamos pintando estes painéis para torná-los mais bonitos. Espero que possam fazer algumas pessoas sorrirem. Com isto, tentamos voltar a uma certa normalidade mostrando apoio à comunidade", comentou a professora Deanna English, após pintar um simpático boneco de neve.

Diante da má reputação que a violência deu esta semana à cidade, alguns moradores penduraram de maneira espontânea cartazes nas vigas de madeira nos quais se pode ler a frase "Eu amo Ferguson", com um coração vermelho inserido entre essas palavras.

Esse coração parece bombear a esperança de acabar com todo tipo de violência que nutrem alguns moradores, como a cabeleireira Suz Pratt, que acredita que "um movimento pela paz está por vir".

Já na terça-feira, esta cidade no subúrbio de Saint Louis viveu uma noite mais tranquila que a anterior, enquanto os protestos mais significativos aconteceram em Nova York, Los Angeles, Atlanta, Washington, Boston e Filadélfia.

Desde a segunda-feira, Ferguson já registrou mais de 150 detenções, enquanto o número em todo o país foi superior a 400.

EFE   
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