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Oriente Médio

Israelenses e palestinos fecham roteiro para acordo de paz

As partes concordaram em manter em sigilo o conteúdo das negociações; não haverá mais anúncios sobre reuniões a partir de agora

30 jul 2013 - 18h19
(atualizado às 18h32)
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John Kerry promove cumprimento entre a ministra israelense Tzipi Livini (dir.) e o negociador palestino Saeb Erekat, em Washington
John Kerry promove cumprimento entre a ministra israelense Tzipi Livini (dir.) e o negociador palestino Saeb Erekat, em Washington
Foto: AP

Os negociadores israelenses e palestinos acertaram nesta terça-feira em Washington um plano de trabalho para se chegar a um acordo de paz nos próximos nove meses, sem excluir nenhum dos assuntos mais polêmicos e com a intenção de entrar totalmente nas negociações antes de meados de agosto.

Após dois dias de reuniões comandadas pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, em seu papel como mediador durante o processo, os chefes negociadores, a ministra da Justiça israelense Tzipi Livni e representante da Autoridade Nacional Palestina (ANP) Saeb Erekat, se mostraram comprometidos com o novo diálogo, o primeiro desde 2010.

"As partes concordaram em continuar com negociações sustentadas, contínuas e essenciais sobre assuntos chave, e voltarão a se encontrar em algum momento nas próximas duas semanas em Israel ou nos territórios palestinos a fim de começar o processo de negociação formal", disse Kerry em entrevista coletiva. "Nosso objetivo será conseguir um acordo para uma solução definitiva ao longo dos próximos nove meses", acrescentou.

O acordo implica que "todos os assuntos relacionados com uma solução definitiva, todos os assuntos chave, estarão sobre a mesa para serem negociados", disse Kerry; enquanto Erekat assegurou que "serão resolvidos todos os assuntos, sem exceções".

Apesar de não mencionarem quais serão esses temas, espera-se que o diálogo inclua a questão das fronteiras, da segurança e da divisão da capital Jerusalém, para formar um futuro Estado palestino, além dos assentamentos israelenses e do direito de retorno dos refugiados palestinos.

"Uma solução viável para dois Estados (israelense e palestino) é o único caminho para resolver o conflito. Não há muito tempo para se chegar a isso e não há alternativa", alertou Kerry, que se negou a "deixar o problema para a próxima geração". "Entendo o ceticismo de alguns, mas não compartilho com ele. E não acho que tenhamos tempo para isso", acrescentou.

Livni se expressou da mesma maneira, assegurando que "a história não se faz pelos cínicos. Ela se faz graças aos realistas que não têm medo de sonhar", e revelou que Israel tem "esperanças" no diálogo, mas "não somos ingênuos e vamos fazer o necessário para garantir a nossa segurança".

"Posso lhes assegurar que nestas negociações, nossa intenção não é discutir sobre o passado, mas criar soluções e tomar decisões para o futuro", afirmou a ministra da Justiça israelense.

Erekat, por outro lado, considerou que "ninguém se beneficiará mais da paz do que os palestinos", já que "é hora de os palestinos terem um Estado soberano próprio e que possam viver em paz e com dignidade".

Livni e Erekat se reuniram hoje com o presidente dos EUA, Barack Obama, e o vice-presidente Joseph Biden, além de Kerry e do novo enviado especial americano para o processo de paz, Martin Indyk.

Obama, que após sua viagem a Israel em março se manteve a margem do processo, "expressou seu apoio pessoal às negociações para uma solução definitiva e ressaltou que há muito que fazer nos próximos dias e meses", disse o porta-voz da Casa Branca , Jay Carney.

Os negociadores mantiveram, além disso, uma reunião tête-à-tête e a sós, informou o Departamento de Estado.

Em seu discurso de hoje, Kerry ressaltou a necessidade de garantir a segurança nos dois futuros Estados, e adiantou que o governo israelense "tomará, nos próximos dias e semanas, uma série de passos para melhorar as condições (de segurança) em Gaza e na Cisjordânia".

Essa medida, da qual Kerry não deu mais detalhes, seria o segundo passo de Israel para criar confiança no reinício das negociações, após ter anunciado neste fim de semana que libertará 104 palestinos que foram presos antes de 1993.

O titular das Relações Exteriores dos EUA se mostrou confiante, além disso, que a "economia palestina se transforme" graças ao plano desenhado junto ao Quarteto para o Oriente Médio e anunciado em maio para ativar um pacote de investimento de até US$ 4 bilhões aos cofres palestinos, sempre que houver avanços no processo de paz.

Espera-se que a partir de agora Kerry delegue a Indyk o dia a dia das negociações, e será esse enviado especial quem viajará frequentemente à região em seu lugar, por isso ele deve assistir à nova reunião programada para as próximas duas semanas.

No entanto, Kerry será "o único autorizado a comentar publicamente sobre as conversas, em consulta com as partes", conforme ele mesmo anunciou. As partes concordaram em manter em sigilo o conteúdo das negociações, ressaltou Kerry, que também afirmou que não haverá mais "anúncios sobre reuniões" a partir de agora.

EFE   
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