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Estados Unidos

Hillary condena "violência completamente inaceitável" na Líbia

22 fev 2011 - 16h41
(atualizado às 17h20)
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Poucas horas depois do discruso do líder líbio Muammar Kadafi na TV estatal de seu país, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, se pronunciou sobre a situação no país africano. Hillary condenou a "violência completamente inaceitável" na Líbia e pediu que os governos da região respeitem os direitos civis. Ela acrescentou que os Estados Unidos tomarão "medidas adequadas" no tempo certo.

'Morrerei como um mártir', diz Kadafi em discurso na TV:

"Na medida em que entendemos melhor o que realmente está acontecendo - porque você sabe, claro, que a comunicação tem sido efetivamente desligada e estamos tentando juntar o máximo de informação possível - tomaremos medidas adequadas em linha com nossas políticas, nossos valores e nossas leis", disse ela a repórteres. "Mas vamos ter que trabalhar em conjunto com a comunidade internacional", acrescentou.

Antes de Hillary, a Casa Branca, por meio do porta-voz Jay Carney, também fez um apelo contra o uso da violência durante as manifestações pacíficas. "Tanto na Líbia, como no Egito, Bahrein e outros países, lançamos um chamado muito firme pelo fim do uso da violência contra quem protesta de maneira pacífica", disse Carney, que acompanha o presidente Barack Obama em uma visita a Cleveland (Ohio).

Carney, que ressaltou que os Estados Unidos reconhecem "as aspirações legítimas" dos que pedem mudanças políticas na Líbia, solicitou respeito "aos direitos universais" como a liberdade de reunião e de expressão. "Pedimos aos governos da região que escutem e respeitem as aspirações legítimas de seus povos e promovam reformas de acordo" com essas exigências, acrescentou o porta-voz.

Mais cedo, em seu discurso na TV estatal da Líbia, Kadafi disse que não irá renunciar e ameaçou os manifestantes afirmando que "nem autorizou o uso de munição". "Eu permanecerei aqui desafiador", disse, falando do lado de fora de uma de suas residências, bastante danificada num bombardeio dos Estados Unidos de 1986 durante uma tentativa de assassiná-lo.

Enquanto isso, testemunhas que atravessaram a fronteira da Líbia com o Egito disseram que Kadafi estava usando tanques, caças e mercenários no esforço de sufocar a rebelião. No leste do país, podiam ser ouvidas explosões esporádicas, no sinal mais recente de diminuição do poder de Kadafi. "Todas as regiões do leste estão fora do controle de Kadafi agora", afirmou o ex-major do Exército Hany Saad Marjaa.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

Fonte: Terra
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