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Estados Unidos

Guantánamo completa 7 anos como símbolo da era Bush

10 jan 2009 - 14h19
(atualizado às 14h43)
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Neste domingo fará sete anos que a base de Guantánamo recebeu os primeiros suspeitos de terrorismo, encapuzados e com as mãos algemadas em um avião militar.

Os primeiros presos do centro de detenção, localizado em Cuba e que virou um dos símbolos da Administração Bush, voaram do Afeganistão, e, quando chegaram a seu destino, foram inicialmente trancados em jaulas abertas, para depois serem alocados em celas construídas às pressas.

Alguns eram talibãs, outros eram agentes da Al Qaeda e muitos foram vendidos aos Estados Unidos pelos senhores da guerra do Afeganistão ou capturados em solo afegão simplesmente por serem árabes.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu tirar de Guantánamo as 250 pessoas que permanecem presas no local, das quase 800 que passaram por ali. Porém, o problema é o que fazer com elas.

O futuro presidente americano terá que tomar uma decisão rapidamente. Em 26 de janeiro, seis dias após sua posse, começa o julgamento do canadense Omar Kahdr, que foi detido no Afeganistão quando tinha 15 anos.

Nesse dia, Kahdr terá que comparecer numa das cortes antiterroristas criadas pelo Governo de George W. Bush em uma pista de aterrissagem da Segunda Guerra Mundial em Guantánamo.

As regras especiais desses tribunais permitem até a apresentação de confissões obtidas sob tortura.

Obama "tem que anunciar um plano específico antes dessa data", do contrário dará um apoio implícito a essas cortes, disse à Agência Efe Sarah Mendelson, especialista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).

No entanto, nem mesmo aqueles que mais opõem a Guantánamo acham que Obama conseguirá cumprir de imediato sua promessa de trancar a prisão. Mendelson acha que levará um ano até o Governo encontrar um destino para os prisioneiros.

Esses se dividem em três grupos. Um deles inclui os detidos que o Pentágono desculpou mas que não pode repatriar a seus países de origem porque correm o risco de serem torturados.

Por conta disso, os EUA terão que convencer países da Europa a aceitarem alguns dos presos, ao mesmo tempo em que terá que acolher outros em seu próprio território, apesar das dificuldades políticas disso, declarou à Efe Joanne Mariner, diretora de assuntos de terrorismo da organização de direitos humanos Human Rights Watch.

O segundo grupo de prisioneiros é composto por homens contra os quais o Pentágono considera perigosos e não quer libertar, embora não tenha provas suficientes para julgá-los.

Por fim, há o grupo de Khalid Sheikh Mohamad, o suposto cérebro dos ataques de 11 de setembro de 2001, e outros presos do mesmo quilate, contra os quais há provas claras.

As organizações de direitos humanos querem que os prisioneiros sejam julgados em tribunais normais ou que sejam libertados.

Obama ainda não esclareceu sua posição. Contudo, pouco após sua vitória nas eleições de novembro, vazou a informação de que sua equipe cogitava criar tribunais nacionais de segurança, outra tentativa para a criação de cortes especiais para os detidos.

"Não há necessidade de isso ser feito. As cortes federais processaram com sucesso mais de 100 casos de terrorismo nos últimos sete anos", observou Mariner.

O Centro para o Progresso Americano, vinculado ao Partido Democrata, sugeriu que o prisioneiros perigosos não sejam julgados e permaneçam encarcerados por tempo indeterminado, em território nacional ou em prisões no Afeganistão.

Essas propostas preocupam os grupos que neste fim de semana, como fizeram em anos anteriores, vestirão macacões laranjas para promover protestos ao redor do mundo.

"Obama precisa de apoio e também de um pouco de pressão", disse Frida Berrigan, que se reunirá com outras 200 pessoas na manifestação que acontecerá amanhã em Washington.

Em 2005, junto com outros membros do grupo Testemunhas contra a Tortura, Berrigan caminhou cinco dias por Cuba até chegar aos portões da base militar americana de Guantánamo, onde todos pediram o fechamento da prisão.

Desde então, a opinião pública americana mudou radicalmente e até Bush disse que quer fechar a base, embora nunca tenha apresentado um plano para fazê-lo. Essa tarefa delicada, como tantas outras, foi deixada para Obama.

EFE   
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