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Estados Unidos

Fundador do WikiLeaks declara ser vítima de calúnias

17 dez 2010 - 10h03
(atualizado às 12h37)
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O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, declarou ser vítima de uma campanha de calúnias, após de ter sido autorizado a aguardar em liberdade na Inglaterra o processo que pode levar à sua extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais.

Julian Assange é solto após 9 dias preso em Londres:

Por ordem da Justiça britânica, Assange passará o Natal na mansão rural de um amigo no interior do país - o que ele definiu como "prisão domiciliar de alta tecnologia". O australiano de 39 anos, que já está hospedado na Ellingham Hall, em Bungay, disse que isso não o impedirá de continuar divulgando documentos oficiais secretos.

Assange passou nove dias preso em Londres, e foi solto na quinta-feira após o pagamento de uma fiança de 200 mil libras (US$ 312,5). Ele rejeita as acusações, feitas por duas ex-voluntárias do WikiLeaks, de que teria adotado comportamentos que na Suécia são considerados formas de abuso sexual.

"Essa tem sido uma campanha difamatória muito bem sucedida, e muito errada", disse Assange à BBC na noite de quinta-feira, já instalado na mansão do ex-oficial do Exército britânico Vaughan Smith, em Suffolk, leste da Inglaterra.

Sem entrar em detalhes, ele previu novas difamações por parte das autoridades suecas, e disse que seus rivais aproveitam o caso para prejudicá-lo por causa do WikiLeaks, site que desde o mês passado vem divulgado mais de 250 mil comunicações sigilosas da diplomacia norte-americana, o que causou constrangimentos para os EUA e seus aliados.

"Basta olhar para o sorriso irônico do secretário de Defesa (dos EUA, Robert) Gates ao saber da minha prisão... para entender o valor disso para os adversários desta organização", disse Assange.

O anfitrião de Assange já disse que a conexão com a Internet na sua mansão, a cerca de três horas de viagem de Londres, não é muito boa. Assange afirmou que as condições no local são "um flagrante impedimento" ao seu trabalho, mas que isso não o impedirá de fazê-lo.

"Como vimos durante minha ausência, as coisas (no WikiLeaks) estão bem encaminhadas para funcionarem mesmo sem o meu envolvimento direto", afirmou.

Assange terá de usar um localizador eletrônico e precisará respeitar um toque de recolher e se apresentar diariamente à polícia. O australiano e seus advogados não escondem o temor de que ele venha a ser indiciado também nos EUA, por espionagem.

Vendo a movimentação de jornalistas no meio da neve à espera de Assange na mansão de Suffolk, uma vizinha, Janice Game, 63 anos, deu crédito ao novo hóspede da região.

"Não acho que Vaughan iria tê-lo em casa se não acreditasse completamente que ele é inocente", afirmou.

O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.

Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais.



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