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Figueiredo se reúne com conselheira de Segurança dos EUA

Objetivo é cobrar pessoalmente explicações prometidas pelo presidente americano, Barack Obama, sobre denúncias de espionagem a Dilma

9 set 2013 - 16h17
(atualizado às 17h03)
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<p>Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, falam à imprensa sobre a espionagem americana</p>
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, falam à imprensa sobre a espionagem americana
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, conversa entre quarta e quinta-feira com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, em Washington. Amanhã, ele, que está em Genebra (Suíça), desembarcará nos EUA. O objetivo é cobrar pessoalmente as explicações prometidas pelo presidente americano, Barack Obama, sobre as denúncias de espionagem à presidente Dilma Rousseff, a assessores e cidadãos brasileiros.

A data exata e o horário da reunião ainda estão sendo definidos. Reportagem veiculada ontem pelo programa Fantástico, da TV Globo, diz que a Petrobras também foi alvo de espionagem por agências americanas.

Na semana passada, em São Petersburgo (Rússia), Dilma e Obama conversaram sobre o mal-estar causado pelas denúncias de espionagem. Segundo ela, Obama prometeu responder às perguntas encaminhadas pelo governo do Brasil. De acordo com a presidente, se for necessário, ela voltará a conversar com o americano.

"O presidente Obama declarou para mim que assumia a responsabilidade direta e pessoal pelo integral esclarecimento dos fatos, e que proporia para exame do Brasil medidas para sanar o problema", disse a presidente, em entrevista coletiva. "O que eu pedi é o seguinte: 'eu acho muito complicado eu ficar sabendo dessas coisas pelo jornal. Eu quero saber: tem ou não tem? Além do que foi publicado pela imprensa, eu quero saber tudo o que há em relação ao Brasil. Tudo, tudinho, em inglês, everything'", acrescentou a presidente. 

<p>Dilma e Obama na cúpula do G20, em São Petersburgo, na Rússia</p>
Dilma e Obama na cúpula do G20, em São Petersburgo, na Rússia
Foto: Grigory Dukor / Reuters

Nas últimas duas semanas, houve uma série de pedidos por informações aos EUA, reforçados pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e por Figueiredo. Em meio à expectativa pelas informações, a presidente deixou em aberto a possibilidade de viajar, em 23 de outubro, para Washington, com honras de chefes de Estado.

"Se não houver condições políticas, obviamente, não se vai. Eu não pretendo transformar quinta-feira no Dia D. Eu pretendo transformar quinta-feira em um dia de avaliação"', disse Dilma. 

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Agência Brasil Agência Brasil
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