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Estados Unidos

EUA querem rever política "unilateral" contra Cuba

31 mar 2009 - 17h28
(atualizado às 17h41)
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Líderes democratas e republicanos do Senado dos Estados Unidos, respaldados por ativistas e empresários, promovem, desde esta terça-feira, uma iniciativa para levantar as restrições de viagem a Cuba, e afirmam ter os votos suficientes para aprová-la no Congresso.

Em entrevista coletiva no Capitólio, o senador democrata Byron Dorgan e o republicano Michael Enzi explicaram que a "Lei para a Liberdade de Viagens para Cuba" busca começar a corrigir a "fracassada" política "unilateral" do embargo imposto há 47 anos.

"Nossa política em direção a Cuba tem que mudar. É um assunto de direitos humanos, é um assunto econômico, e é hora de trabalhar nesta legislação", disse Dorgan.

Os patrocinadores do projeto legislativo, entre eles o democrata Christopher Dodd, defenderam que os americanos têm o direito constitucional de viajar para qualquer parte do mundo, e que se os EUA promovessem uma abertura em direção a Cuba poderiam facilitar uma transição democrática no país.

"Os regimes totalitários temem a luz", apontou Dodd, que destacou que a iniciativa permitiria uma troca direta dos americanos com o povo cubano.

Do lado da Câmara de Representantes, os legisladores Bill Delahunt, democrata por Massachusetts, e o republicano Jeff Flake, do Arizona, devem apresentar um projeto semelhante nesta quinta.

Em 2003, Enzi, republicano por Wyoming, liderou um esforço similar, pois considera que a política de asfixia econômica dos Estados Unidos contra Cuba só prolonga a miséria de 11 milhões de cubanos que vivem na ilha.

Questionado pela Agência Efe sobre como o Governo cubano responderia a esta medida, Enzi ressaltou que os legisladores não estão pedindo nada em troca, mas querem que os americanos possam viajar livremente.

Tanto a Câmara de Comércio americana quanto a Federação de Agricultores (AFBF, em inglês) ressaltaram hoje que apoiam a medida, porque, em suas opiniões, contribuirá para aumentar a troca agrícola e o turismo na ilha.

"Este é um primeiro passo importante para suavizar as restrições comerciais contra Cuba", afirmou Bob Stallman, presidente da AFBF, já que a iniciativa, segundo ele, também permitirá aos empresários do setor agrícola vender seus produtos na ilha.

Stallman ressaltou que as exportações agrícolas dos Estados Unidos a Cuba, principalmente de frango, trigo, feijão de soja, arroz e produtos lácteos, registraram uma média de US$ 400 milhões anuais desde 2000, e acrescentou que as vendas aumentariam sem as restrições.

Por sua parte, José Miguel Vivanco, diretor para a América do grupo Human Rights Watch, disse que, embora as condições dos direitos humanos em Cuba não tenham melhorado desde que Raúl Castro assumiu o poder, em fevereiro de 2008, o embargo não enfraqueceu o regime de Havana, e sim "ajudou a consolidá-lo".

Não é a primeira vez que o Congresso tenta promover uma mudança na política em direção a Cuba, mas os defensores da iniciativa acham que, agora sim, existem as condições para fazê-lo, levando em conta que os democratas controlam ambas as Câmaras e a Casa Branca.

No início do mês, o presidente Barack Obama sancionou uma lei orçamentária de US$ 410 bilhões para o ano fiscal 2009 que flexibilizou as restrições de viagens dos cubano-americanos impostas pelo Governo anterior em 2004.

No entanto, as mudanças nas restrições são temporárias e serão mantidas até 30 de setembro.

Apesar disso, a iniciativa não é unanimidade, e até legisladores de origem cubana, como o senador republicano Mel Martínez, deixaram claro que se opõem a qualquer mudança unilateral dos EUA sem pedir uma contrapartida dos "opressores" em Havana.

Em comunicado, Martínez disse que este não é o momento de premiar o regime "repressivo" de Havana com dinheiro derivado do turismo, e sim de apoiar os grupos democráticos na ilha.

A suspensão das restrições de viagem "só permitiria aos americanos contribuir com os recursos disponíveis ao regime de Castro a perpetuar sua repressão", afirmou.

O republicano lembrou que, 54 dos 75 dissidentes detidos em 2003 permanecem presos em Cuba, quando "seu único crime foi tentar exercer seus direitos políticos e cívicos".

EFE   
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