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EUA não responderão publicamente a Brasil sobre espionagem

8 jul 2013 - 04h28
(atualizado às 04h30)
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O governo dos Estados Unidos disse no domingo que não vai responder publicamente aos questionamentos feitos pelo Brasil sobre espionagens realizadas no país.

Questionado pela BBC Brasil a respeito da reação brasileira, o Departamento de Estado americano disse por e-mail que "o governo dos EUA vai responder apropriadamente a nossos parceiros no Brasil pelas vias diplomáticas e de inteligência. Não vamos comentar publicamente ou especificar supostas atividades de inteligência. Como política, já deixamos claros que os EUA obtêm inteligência estrangeira do tipo coletado por todas as nações".

Segundo denúncia feita no sábado em reportagem do jornal O Globo, com base em documentos coletados por Edward Snowden, o Brasil teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens (de e-mail) espionados.

No mesmo dia, o Itamaraty pediu "esclarecimentos" ao governo americano e ao embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, quanto à denúncia de que pessoas e empresas no Brasil teriam sido alvo de espionagem por parte da NSA (agência nacional de segurança dos EUA).

"O Governo brasileiro recebeu com grave preocupação a notícia de que as comunicações eletrônicas e telefônicas de cidadãos brasileiros estariam sendo objeto de espionagem por órgãos de inteligência norte-americanos", afirmou o Itamaraty, em comunicado.

Segundo a nota, o governo brasileiro "promoverá no âmbito da União Internacional de Telecomunicações (UIT) o aperfeiçoamento de regras multilaterais sobre segurança das telecomunicações e lançará, na ONU, iniciativas para proibir abusos e impedir a invasão da privacidade dos usuários das redes virtuais de comunicação (...) que protejam os direitos dos cidadãos e preserve a soberania de todos os países".

Incômodo diplomático

As denúncias devem causar incômodo nas relações bilaterais, poucos meses antes de uma visita de Estado que a presidente Dilma Rousseff fará ao presidente americano, Barack Obama, em Washington, em outubro.

Dilma já criticara com veemência o incidente diplomático envolvendo o presidente boliviano, Evo Morales, na Europa. Na semana passada, Morales teve espaço aéreo recusado em países europeus, por conta de suspeitas de que seu avião presidencial estaria abrigando Snowden.

A presidente brasileira disse que o "constrangimento" causado a Morales afeta toda a América Latina.

Snowden, que fugiu dos EUA após denunciar ao jornal britânico The Guardian uma grande rede de espionagem promovida pela NSA, passou por Hong Kong e foi visto pela última vez na área de trânsito do aeroporto de Moscou.

Seu passaporte foi revogado, e ele fez pedidos de asilo a diversos países (Brasil incluído). Três ofereceram abrigo a ele: Bolívia, Venezuela e Nicarágua.

* Com Pablo Uchoa, da BBC Brasil em Washington

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