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Estados Unidos

EUA iniciam contatos com países da América Latina por extradição de Snowden

23 jun 2013 - 19h22
(atualizado às 21h02)
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O Governo dos Estados Unidos disse neste domingo que iniciou contatos através de "canais diplomáticos e policiais" com os países da América Latina por onde Edward Snowden, acusado de espionagem por Washington, que já pediu sua extradição, pode passar.

"Os Estados Unidos iniciaram contatos através de canais diplomáticos e policiais com países no hemisfério ocidental nos quais Snowden pode passar ou que poderiam ser seu destino final", disse à Agência Efe um funcionário de alta categoria da Administração Obama.

"Os Estados Unidos já fizeram contato com estes Governos para avisar que Snowden é procurado por delitos graves e, portanto, não devem permitir a ele uma viagem internacional, só o necessário para devolvê-lo aos Estados Unidos", acrescentou a fonte, que pediu o anonimato.

O funcionário não mencionou os países em questão, mas o Wikileaks, que hoje ajudou Snowden a abandonar Hong Kong rumo à Rússia, disse em seu site que ele viajará rumo ao Equador "por uma rota segura" para prosseguir com a solicitação de asilo político que fez a esse país.

Perguntado pela Agência Efe sobre a possibilidade de Snowden viajar ao Equador e receber asilo político, o funcionário afirmou que não discutiria casos hipotéticos.

Os EUA e o Equador têm um tratado de extradição de 1872 e que foi complementado em 1939.

Relatórios de imprensa também mostravam que Snowden, ex-técnico da CIA e ex-contratado da Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) poderia viajar para Cuba ou Venezuela, o que foi alvo de críticas de vários líderes do Congresso.

É a primeira vez que os Estados Unidos confirmam contatos diretos com países da América Latina em particular, horas depois que o Departamento de Justiça disse que buscará cooperação policial dos países que possam acobertar Snowden.

A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, explicou, por sua parte, que o Governo dos Estados Unidos revoga o passaporte de americanos procurados por delitos graves, embora isso não afete sua cidadania.

Em todo caso, vários especialistas asseguraram hoje em programas da televisão americana que um tratado de extradição não necessariamente garante que o indivíduo será devolvido aos Estados Unidos, além disso que o trâmite poderia demorar muitos meses.

Jonathan Turley, analista da Universidade de George Washington, disse à rede "CNN" que as solicitações de extradição se baseiam na prática de um delito, mas o país anfitrião onde o fugitivo se encontra pode examinar as acusações e "determinar se são de caráter político".

"Os EUA têm muitos críticos no que diz respeito a como nós mesmos cumprimos o direito internacional" e as acusações de líderes políticos de que Snowden é um 'traidor' e merece um castigo contribuiu para a percepção de que é um assunto político "e isso não vai ajudar" a Administração de Obama, advertiu Turley.

Snowden, de 29 anos, abandonou Hong Kong rumo à Rússia, um dia após os Estados Unidos pedirem sua extradição para que responda a três acusações de espionagem e roubo de propriedade federal, apresentadas em uma queixa divulgada na sexta-feira em um tribunal na Virgínia e que poderiam acarretar em até 30 anos de prisão.

O Governo de Hong Kong disse que rejeitou o pedido dos EUA porque o país "não cumpriu plenamente com os requisitos legais sob a lei de Hong Kong", e não podia impedir a saída de Snowden do território semi-autônomo chinês.

EFE   
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