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Estados Unidos

EUA denunciam escalada do ódio contra judeus e muçulmanos

20 mai 2013 - 18h10
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O governo dos Estados Unidos denunciou nesta segunda-feira a crescente onda contra judeus e muçulmanos ao redor do mundo e pediu a todos os países que garantam a liberdade de religião.

Em seu relatório anual sobre liberdade religiosa, o Departamento de Estado alertou para a escalada de ataques a minorias e apresentou um quadro sombrio em nações como China, Irã, Mianmar, Coreia do Norte e Arábia Saudita.

Embora tenha reconhecido que o histórico dos Estados Unidos não é perfeito, o secretário de Estado John Kerry defendeu a liberdade religiosa como "valor universal".

"A liberdade de professar e praticar a fé - de acreditar, ou não acreditar, ou de mudar de crença - é um direito inato de todo ser humano", ressaltou Kerry, ao divulgar o relatório.

"Faço um apelo a todos os países, especialmente àqueles identificados nesse relatório, que tomem medidas agora para proteger essa liberdade fundamental", completou.

Kerry anunciou a nomeação de Ira Foreman para o cargo de enviado especial do Departamento de Estado para o combate ao antissemitismo. Foreman trabalhou como diretor de campanha do presidente Barack Obama junto ao eleitorado judeu.

O relatório informa que o antissemitismo aumentou na imprensa do Egito e da Venezuela (com menção ao candidato venezuelano derrotado Henrique Capriles, de ascendência judaica) e destaca as constantes declarações do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, questionando a ocorrência do Holocausto.

Ainda segundo o informe do Departamento de Estado, que cobre 2012, "a retórica e as ações contra os muçulmanos estavam, claramente, em ascendência, em especial na Europa e na Ásia".

"Restrições do governo que, frequentemente, coincidem com a animosidade da sociedade, resultaram em ações contra os muçulmanos que afetaram a vida cotidiana de vários fiéis", acrescentou o texto.

O relatório faz duras críticas a Mianmar, no mesmo dia do encontro do presidente Thein Sein com o presidente Barack Obama para a assinatura dos termos do apoio dos Estados Unidos às reformas democráticas nesse país.

O Departamento de Estado aponta também para as queixas de que autoridades birmanesas incitaram uma onda de violência, atacando a comunidade de maioria muçulmana Rohingya e promovendo o budismo de Theravada em detrimento de outros credos.

O documento afirma que a liberdade religiosa diminuiu ainda mais na China e que o governo investiu, sobretudo, contra a comunidade uigur, de maioria muçulmana, e contra os budistas tibetanos, que têm seus monastérios mantidos sob constante vigilância.

Em 2012, os muçulmanos enfrentaram ainda novas restrições em países como Bélgica, onde o uso do véu religioso foi banido das salas de aula, ou Índia, onde proibição parecida foi instituída nas escolas de Mangalore.

O texto alerta também para a crescente violência contra as minorias islâmicas, como os xiitas e ahmadis no Paquistão, ahmadis na Indonésia e os bahá'ís no Irã. Leis da blasfêmia são amplamente usadas nos países islâmicos, incluindo no Paquistão, onde uma menina com deficiência mental foi presa.

O Departamento de Estado não poupou críticas ao Bahrein, um aliado americano, ao considerar que a ilha de maioria xiita "continua a enfrentar discriminação oficial" e denúncias de tortura. Grupos de defesa dos direitos humanos já criticaram o governo Obama por seu apoio ao Bahrein, onde a Quinta Frota dos EUA se encontra estacionada.

O documento também aponta problemas em um outro aliado dos Estados Unidos de longa data. Na Arábia Saudita, a liberdade religiosa é amplamente reprimida, com a proibição da prática de qualquer outra religião que não seja o Islã.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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