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Estados Unidos

EUA completam 20 anos como única patrulha planetária

8 nov 2009 - 09h10
(atualizado às 09h21)
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A queda do Muro de Berlim em 1989 levou os Estados Unidos, até então líder do bloco ocidental, a se coroar como a maior potência do planeta e a impor para si a missão de vigiar a democracia, a estabilidade e a liberdade no mundo.

Nos EUA, a derrubada de um dos maiores símbolos do comunismo foi acompanhada como uma vitória própria, pois ainda era recente na memória dos americanos o emblemático discurso que o então presidente do país, Ronald Reagan (1981-1989), tinha feito em Berlim dois anos antes.

Em um pronunciamento visionário, feito do Portão de Brandeburgo, Reagan fez um pedido um tanto atrevido às autoridades alemãs, dadas as tensões entre os blocos capitalista e comunista. "Gorbachov, abra o portão. Gorbachov, derrube o muro", disse o chefe de Estado americano em junho de 1987.

Em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim veio abaixo e, posteriormente, a União Soviética se dividiu, alterando a estrutura geopolítica que imperava no mundo desde a Segunda Guerra Mundial.

Com a derrubada do muro ainda ecoando em todo o planeta, o recém-eleito George H.W.Bush, que assumiu a Presidência americana no começo de 1990, comentou o fato histórico em seu diário pessoal.

"Como posso capitalizar estas mudanças? Os burocratas me diriam para não fazer nada, mas eu não quero perder esta oportunidade", escreveu Bush pai, segundo os professores Dereck Chollet e James Goldgeier.

Em seu livro intitulado "A América entre Duas Guerras: Do 9/11 ao 11/9", os dois especialistas explicam como os EUA, de uma hora para outra, se viram sozinhos diante dos grandes conflitos internacionais, como ocorreu cerca de nove meses, quando o Iraque invadiu o Kuwait, dando início à Guerra do Golfo.

Longe de aumentar o fosso entre Oriente e Ocidente, este conflito provocou uma inusitada sinergia entre EUA e Rússia. Bush e Mikhail Gorbachov chegaram a aparecer juntos algumas vezes, mas foi o líder americano que acabou assumindo a ofensiva militar.

Além do conflito no Iraque (1991), intervenções no Panamá (1989), na Somália (1992), no Haiti (1994), na Bósnia (1995), no Kosovo (1999) e no Afeganistão (2001) ajudaram a consolidar os EUA, nas duas décadas seguintes, como a maior potência militar do planeta desde o fim da Guerra Fria.

A força dos EUA não vinha só de sua capacidade militar. Com a queda da União Soviética, o país virou referência em dinamismo econômico, progresso tecnológico, avanços científicos e educação.

Com este "poder incomparável", sobre o qual ninguém fazia sombra, os EUA passaram a se considerar capazes tanto de "assegurar uma vitória militar em qualquer parte" como "de garantir a exportação da democracia até nos ambientes mais hostis, tudo para atender a seus interesses", afirma o professor Thomas H. Henriksen no livro "O Poder dos EUA pós-Muro de Berlim".

"Após a desmembramento da União Soviética, os EUA se tornaram a única superpotência. Muitas nações acabaram batendo à porta deles para resolver seus problemas", disse à Agência EFE este professor do Centro Hoover, que pertence à Universidade de Standford, na Califórnia.

"Em alguns casos, eram os países que pediam ajuda. Em outros, era os EUA que intervinham para difundir a democracia, já que um país democrático é mais estável e não ameaça a estabilidade no mundo", acrescentou.

"É bom ter no mundo uma grande potência que amorteça os efeitos desestabilizadores em outros pontos do planeta, ainda que por meio de seu poderio militar. O Império Romano, com toda sua brutalidade, conseguiu manter a ordem estabelecida enquanto esteve em seu auge.

Quando desabou, a anarquia se espalhou", destacou Henriksen.

De seu pedestal de grande potência, os EUA puderam aplaudir o rompimento dos países do Leste da Europa com o comunismo e sua caminhada em direção ao Estado democrático. Ao mesmo tempo, porém, observavam a China reprimir com dureza as manifestações pró-democráticas na Praça da Paz Celestial, em 1989.

A hegemonia americana, no entanto, não demorou muito a ser abalada. Ela se viu seriamente ameaçada após os atentados de 11 de setembro de 2001, ano em que o Governo americano se viu obrigado a lançar uma cruzada contra um novo inimigo: o terrorismo.

EFE   
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