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Estados Unidos

EUA: almirante visita países do Golfo para tranquilizar aliados

24 fev 2011 - 15h36
(atualizado às 16h05)
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Os estrategistas do Pentágono vigiam com atenção a segurança no estreito de Ormuz, por onde passa o petróleo do Golfo, a ponto de o chefe do Estado-Maior Interarmas dos Estados Unidos, Almirante Mike Mullen, realizar visita discreta à região, para tranquilizar os países aliados.

Nesta quinta-feira, a turnê começou por Omã, país guardião do estreito ante o Irã. No final da tarde, o almirante dirigiu-se a Bahrein, porto de atracação da V Frota americana que patrulha as águas do Golfo.

Este pequeno reino, aliado importante dos Estados Unidos, está abalado por manifestações visando a dinastia sunita no poder, contestada por uma oposição dominada por xiitas, maioria entre os 1,2 milhão de habitantes.

O Almirante Mullen, chefe do Estado-Maior Interarmas, está no Golfo desde domingo, para tentar tranquilizar os aliados dos Estados Unidos, após as revoltas no mundo árabe que afastaram chefes de estado ligados a Washington.

Já foi a Riad, depois a Qatar e aos Emirados Árabes Unidos. Deve ainda seguir para o Kuwait para participar das cerimônias que vão marcar o vigésimo aniversário do fim da guerra do Golfo, em 1991.

A etapa de Mascate, na embocadura do Golfo, de onde provêm 40% do petróleo transportado por via marítima no mundo, ilustra a determinação dos Estados Unidos de vigiar o estreito d'Ormuz, de menos de 50 km de largura.

Em momentos de tensão, o Irã, que controla a margem setentrional da via, brandiu a ameaça de bloquear esta passagem estratégica e os Guardas da Revolução iraniana apresentaram recentemente mísseis terra-mar com capacidade suficiente para alcançar navios-petroleiros gigantes.

Em Bahrein, o almirante visita os militares estacionados neste posto avançado da marinha americana, que mantém aí há 63 anos o Quartel-General de sua V Frota.

"Bahrein é muito importante para nós há décadas", declarou o Almirante Mullen pouco antes de chegar a Manama, qualificando Bahrein de "aliado essencial".

Numa entrevista à cadeia de televisão Al Jazeera, o almirante Mullen saudou o "bom exemplo" dado pela família reinante que, após uma reação inicial violenta, propôs o diálogo à oposição.

Ele também duvidou do envolvimento do Irã nestas manifestações.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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