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Ásia

Em nova entrevista, Snowden diz: "não sou herói nem traidor, sou americano"

Em Hong Kong, o americano que revelou um programa secreto de vigilância do governo americano diz não estar se escondendo da Justiça

12 jun 2013 - 11h16
(atualizado em 4/12/2013 às 15h19)
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TV mostra um noticiário de Hong Kong sobre Edward Snowden
TV mostra um noticiário de Hong Kong sobre Edward Snowden
Foto: AP

Em entrevista exclusiva a um jornal de Hong Kong, o americano Edward Snowden prometeu novas revelações, sobre o programa secreto de vigilância eletrônica nos Estados Unidos, trazido a público por ele na semana passada. Segundo o site do South China Morning Post, ele deu mais "detalhes explosivos", falou sobre o que planeja fazer agora, as medidas tomadas pelas autoridades americanas até o momento e o temor de que algo possa acontecer aos seus familiares. 

É a primeira entrevista de Snowden desde que ele falou com exclusividade ao jornal britânico The Guardian. Ao que parece, o jornal de Hong Kong está publicando a entrevista aos poucos. Em um dos primeiros trechos divulgados, o ex-funcionário de uma empresa que presta serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) respondeu o que ele acha sobre o fato de que seus atos estão sendo tanto apoiados quanto condenados no mundo inteiro: "Eu não sou nem um traidor, nem um herói. Eu sou um americano".

Snowden também falou sobre ter escolhido Hong Kong como o local em que divulgou as informações. "As pessoas que acham que eu errei em escolher Hong Kong não entenderam minhas intenções. Eu não estou aqui para me esconder da Justiça; estou aqui para revelar a criminalidade", disse, acrescentando em seguida que pretende lutar contra tentantivas de extradição. "Minha intenção aqui é deixar meu destino nas mãos das pessoas e do governo de Hong Kong. Não tenho dúvidas para duvidar do seu (de Hong Kong) sistema", afirmou ao South China Morning Post. 

"Eu tive muitas oportunidades para sair daqui, mas eu preferi ficar para lutar contra o governo dos Estados Unidos na Justiça, pois eu tenho fé no estado de direito de Hong Kong", disse ainda. 

Snowden disse que ainda não conversou com seus familiares desde que deixou o país porque teme por sua segurança e pela deles. "Eu nunca me sentirei segurdo", afirmou. "As coisas têm sido muito difíceis para mim, mas falar a verdade sobre o poder sempre traz riscos. Está sendo difícil, mas eu ficou feliz em ver o público global falar contra esse tipo de violações sistemáticas de privacidade".

Sobre o fato de ter supostamente recebido uma oferta de asilo do governo russo, ele disse que seu único comentário é "que está feliz em ver governos se recusando a serem intimidados" pelos Estados Unidos. 

No texto, a jornalista do South China Morning Post Lana Lam escreveu que a confisão de Snowden se transformou em um "frenezi midiátido na ilha, com jornalistas do mundo inteiro tentando achá-lo". O escândalo também causou um intenso debate na cidade se o americano deveria permanecer em Hong Kong e se Pequim deve ou não interferir em caso de um pedido de extradição. 

Situação de Snowden indefinida

Hong Kong tem um tratado de extradição com os Estados Unidos, mas embora tenha certa autonomia, a ilha em última instância responde a Pequim, e a China pode exercer seu direito a veto sobre qualquer decisão judicial local. Até agora, não há sinais de que as autoridades de Hong Kong tenham abordado ou interrogado Snowden, que foi visto pela última vez deixando um hotel de luxo no bairro de Kowloon, na segunda-feira.

As autoridades de Hong Kong e da China não se manifestaram. O Departamento de Justiça dos EUA afirma estar na etapa inicial de um inquérito criminal sobre os vazamentos. O destino de Snowden está condicionado à natureza específica das eventuais acusações que lhe forem atribuídas. Para que ele seja preso, será necessário que o ato imputado seja considerado crime também em Hong Kong.

Fonte: Terra
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