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Estados Unidos

Em discurso de despedida, Obama faz apelo por liberdade religiosa na Índia

27 jan 2015 - 10h17
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, opinou sobre um dos temas mais sensíveis da Índia ao encerrar, nesta terça-feira, uma visita ao país, fazendo um apelo para que a liberdade de religião seja acolhida em uma nação onde as relações entre hindus e minorias são marcadas pela tensão.

Presidente dos EUA, Barack Obama, acena para o público em discurso em Nova Délhi. 27/01/2015
Presidente dos EUA, Barack Obama, acena para o público em discurso em Nova Délhi. 27/01/2015
Foto: Ahmad Masood / Reuters

Obama não fez referência direta ao partido nacionalista hindu Janata Bharatiya (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi, cuja ascensão ao poder no ano passado levou alguns grupos hindus a tentarem se impor às demais crenças, em um país com uma história de conflitos religiosos.

"O seu Artigo 25 (da Constituição) diz que todas as pessoas 'têm igualmente o direito à liberdade de consciência e de professar, praticar e propagar a própria religião'", disse Obama em um pronunciamento na prefeitura para uma plateia majoritariamente jovem em Nova Délhi.

"Em nossos países, em todos os países, defender essa liberdade fundamental é responsabilidade do governo, mas também é a responsabilidade de cada pessoa", acrescentou.

A ascensão de Modi ao poder encorajou ativistas de direita a declararem abertamente que a Índia é uma nação de hindus, o que representa um desafio para o seu compromisso constitucional de liberdade a todas as religiões. Cerca de um quinto do 1,27 milhão de habitantes da Índia se identifica como pertencentes a outras religiões, e não ao hinduísmo.

Modi fez uma advertência aos congressistas de seu partido para que parem de promover questões controversas, tais como conversões religiosas, e se concentrem nas reformas econômicas.

Durante sua viagem de três dias Obama manteve um relacionamento caloroso com Modi, que até um ano atrás era persona non grata em Washington e foi impedido por quase uma década de visitar os Estados Unidos depois da violência que causou muitas mortes entre hindus e muçulmanos em um Estado que ele governou, em 2002.

A visita do presidente dos Estados Unidos tem sido amplamente vista como uma tentativa de costurar uma relação que vai ajudar a equilibrar a ascensão da China, elevando a Índia democrática ao grupo das grandes potências mundiais.

Em seu discurso nesta terça-feira Obama descreveu a relação entre a Índia e os Estados Unidos como potencialmente "uma das parcerias definidoras do século".

Na segunda-feira ele se tornou o primeiro presidente dos EUA a comparecer ao desfile anual do Dia da República, uma demonstração de poderio militar da Índia que era sido associada ao antiamericanismo da Guerra Fria.

A presença de Obama na parada sinaliza a disposição de Modi para acabar com a tradicional relutância da Índia de chegar muito perto de qualquer grande potência.

Durante a visita, os dois lados firmaram diversos acordos para liberar bilhões de dólares em comércio e aprofundar os laços nos campos nuclear e de defesa. Obama prometeu 4 bilhões de dólares em investimentos e empréstimos para liberar o que ele chamou de "potencial inexplorado" de uma parceria entre as maiores democracias do mundo.

O mais significativo foi um acordo na área nuclear. Apesar de um inovador pacto firmado em 2006, as empresas norte-americanas não conseguiam fazer negócios com reatores nucleares na Índia, o que se tornou um dos principais pontos de atrito nas relações bilaterais.

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF

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