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Estados Unidos

Em conversa com Hillary, China defende posição sobre a Síria

14 fev 2012 - 06h21
(atualizado às 07h47)
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A maior autoridade da diplomacia chinesa, Dai Bingguo, defendeu a posição de não interferência de Pequim nos assuntos sírios em uma conversa com a secretária de Estado americana Hillary Clinton, informou a agência oficial Xinhua.

O diplomata chinês Dai Bingguo
O diplomata chinês Dai Bingguo
Foto: AFP

A China, assim como a Rússia, utilizou o direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para bloquear a votação de uma resolução que condenava a a repressão violenta exercida pelo regime de Bashar al-Assad.

Dai, que tem o cargo de Conselheiro de Estado (equivalente a um ministro de Estado), afirmou em uma conversa telefônica com Clinton que a violência na Síria é "essencialmente um assunto interno" e que a China respalda os esforços da Liga Árabe para resolver o conflito por "meios políticos".

O dirigente chinês afirmou que a posição, diferente da adotada pela Liga Árabe, que recebeu até o momento o apoio de Pequim para a missão na Síria, é "objetiva e equitativa", além de representar uma "atitude responsável".

A Liga Árabe anunciou no domingo que fornecerá um apoio político e material à oposição síria. Também decidiu pedir ao Conselho de Segurança a formação de uma força conjunta da ONU e da organização pan-árabe para acabar com a violência na Síria.

Hillary Clinton, que criticou o veto chinês e russo, além de ter acusado os dois países de fornecer uma proteção ao brutal regime de Damasco, declarou que o governo dos Estados Unidos continuará conversando sobre a Síria com a China.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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