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Estados Unidos

Um ano depois, morte de Bin Laden é arma eleitoral para Obama

30 abr 2012 - 15h51
(atualizado às 16h08)
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A operação que acabou com a vida de Osama bin Laden se tornou há um ano a conquista mais palpável em política externa do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que começa agora a transformá-la no melhor slogan de sua campanha de reeleição. Eram mais de 22h do domingo, dia 1º de maio, em Washington (início da segunda-feira em Brasília) quando a Casa Branca anunciou que Obama faria uma declaração à imprensa. Poucos imaginavam que aquele breve anúncio precedia à notícia da morte do líder da rede terrorista Al-Qaeda, principal alvo da "guerra contra o terror" lançada após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

A operação secreta coordenada de Washington e desdobrada em Abbottabad, no Paquistão, pelo grupo de operações especiais da Marinha americana (Seals) se mantém um ano depois como o momento que concedeu a Obama uma distinção única: a de ser o presidente que conseguiu eliminar o terrorista mais procurado do mundo. Essa medalha reluz periodicamente em discursos, fóruns e entrevistas, apresentada como prova quase irrefutável dos sucessos do governo de Obama, especialmente quando seus adversários destacam suas perdas no plano econômico.

Embora a Casa Branca tenha cuidado para não abusar do tom triunfante, os assessores do presidente não deixaram de ver os juros políticos que ainda podem ser proporcionados pela famosa operação, e começam a integrá-la, lentamente, na campanha para a reeleição do presidente. "Se você quer uma frase para fazer adesivos que resumam o que o presidente Obama conseguiu e o que herdou, é muito simples: Osama bin Laden morreu e a General Motors está viva", disse na quinta-feira o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em discurso em Nova York.

Biden se atreveu inclusive a lançar esse slogan contra o provável rival de Obama nas eleições de novembro, Mitt Romney, ao afirmar que, se for eleito presidente, o republicano "poderia usar o mesmo slogan, mas ao contrário". Romney não tem experiência em política externa e foi muito crítico com o uso de fundos públicos para resgatar o gigante automobilístico.

A Casa Branca não divulgou ainda a agenda oficial de Obama para a próxima terça-feira, mas a expectativa é que o presidente lembre a data de uma forma ou de outra. Não existe, no entanto, um grande temor por novos atentados terroristas que coincidam com o aniversário, já que as autoridades americanas não detectaram uma ameaça "crível", segundo disse à agência EFE um alto funcionário do Departamento de Segurança.

Em qualquer caso, a advertência feita por Obama há um ano de que os EUA continuariam "vigilantes" permanece imutável, uma vez que, após eliminar o inimigo público número um do país, o aparelho de segurança nacional manteve o mesmo nível de alerta perante ameaças da Al-Qaeda que não cessaram. O que mudou é o clima das alianças dos EUA com o Paquistão, um parceiro fundamental na luta antiterrorista, e o Afeganistão, onde muitos veem ameaçada a data de retirada de tropas prevista pela Otan para 2014 devido às tensões entre Washington e Islamabad.

A batida contra Bin Laden esfriou inevitavelmente a relação com o Paquistão por ter ocorrido em seu território e sem seu conhecimento prévio, e a descoberta do terrorista em um local tão exposto, nos arredores de Islamabad, despertou por sua vez a suspeita dos EUA, que acredita que os responsáveis paquistaneses não só conheciam seu paradeiro, mas o protegeram. Diante dessa tensão, que se manifestou em fatos como a detenção em junho no Paquistão de cinco colaboradores da CIA (agência de inteligência americana) que tinham ajudado a localizar Bin Laden, o governo de Obama intensificou a diplomacia para evitar que se escureça, pelo menos para a opinião pública do país, a boa imagem da operação.

À medida que se aproxima o aniversário, os meios de comunicação americanos são inundados com os detalhes mais minuciosos sobre uma operação que se explicava apenas com uma imagem: a dos rostos solenes da equipe de segurança nacional de Obama observando ao vivo o final de Bin Laden.

EFE   
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