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Eleições nos EUA

EUA: Trump faz do insulto sua arma de campanha à presidência

25 dez 2015 - 10h17
(atualizado às 13h28)
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Donald Trump durante debate em Las Vegas
Donald Trump durante debate em Las Vegas
Foto: MIKE NELSON / EFE

Donald Trump tornou-se um mestre do insulto: sutil, cheio de conotações ofensivas, ou capaz de declarações tão polêmicas que nenhum dos outros candidatos à presidência dos Estados Unidos - a não ser o famoso magnata "showman" - se atreveria a dizer em voz alta.

Um exemplo da maestria de Trump nesta campanha, na qual as regras tradicionais foram jogadas para o alto, ocorreu nesta semana. O pré-candidato republicano começou a usar a palavra "schlong" ao invés de "perder" para se referir à derrota de sua principal rival, a democrata Hillary Clinton, para Barack Obama nas primárias de 2008.

A palavra, derivada do yiddish (dialeto dos judeus do leste da Europa), pode ser traduzida como "pênis" e inclui uma série de entrelinhas: é ofensiva contra as mulheres, tem conotações racistas e é tão difícil de definir que não pode ser chamada categoricamente de insulto.

Trump demorou pouco para defender o uso do termo, ao afirmar que ele "não é vulgar" e significa "ser derrotado categoricamente". Os especialistas, porém, discordam do magnata, classificando a palavra como claramente um insulto sexista.

Até o momento, as pesquisas indicam que as negativas polêmicas destas primárias estão favorecendo Trump, que já ofendeu os imigrantes mexicanos, os veteranos do Partido Republicano e, mais recentemente, os muçulmanos, ao afirmar que barraria a entrada de todos eles nos Estados Unidos para evitar o terrorismo.

A última pesquisa divulgada pela emissora "CNN" na quarta-feira mostrou uma vantagem maior de Trump na complicada corrida à indicação republicana. O magnata tem 39% da preferência do eleitorado, mais de 20 pontos à frente de Ted Cruz, senador pelo Texas e segundo colocado na opinião dos entrevistados.

As mensagens depreciativas contra imigrantes, muçulmanos, ricos e influentes seguem atraindo o eleitor branco sem formação universitária, de classe média e desencantado com a classe política.

O primeiro insulto da campanha de Trump ocorreu em junho, durante o anúncio de sua candidatura. O magnata disse que o México mandava gente com muitos problemas para os EUA, incluindo "estupradores, traficantes de drogas e outros criminosos".

Trump respondeu às críticas utilizando uma tática que lhe serviu muito desde então: acusou a imprensa de "deliberadamente distorcer suas palavras". De quebra, ganhou vários minutos gratuitos nas emissoras para se explicar e abrir debates que dominam as bases republicanas que decidirão quem será o candidato do partido.

Outro exemplo da ambiguidade do insulto de Trump é quando ele disse que a moderadora do primeiro debate entre os republicanos, a apresentadora Megyn Kelly, foi injusta com ele porque estava menstruada. Ou quando afirmou que o veterano de guerra e senador John McCain não era um "herói de guerra".

No caso de Kelly, Trump tinha "sangue nos olhos e em todos os lugares", para pouco depois se corrigir e dizer que se referia ao nariz da apresentadora. Sobre McCain, o magnata reinterpretou seus comentários, sublinhando que tinha dito sim que o senador era um herói de guerra porque "tinha sido capturado".

Trump, experiente nas artes televisas devido ao seu programa "O Aprendiz", sucesso nos EUA, começou a ganhar apoio entre os republicanos desencantados com a política graças a sua cruzada para demonstrar, apesar de não contar com nenhuma evidência, de que Barack Obama não tinha nascido no Havaí, mas sim no Quênia e, portanto, não podia ocupar o cargo de presidente.

Agora, com seus insultos e críticas contra a "correção política", Trump está mobilizando os eleitores republicanos que já colocaram em risco a vitória de Mitt Romney (o candidato da elite política tradicional) nas primárias em 2012 e prometem um terremoto na convenção do partido que elegerá o candidato à Casa Branca em 2016.

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EFE   
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