Trump diz que britânicos deveriam agradecê-lo por investimento na Escócia
O pré-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os britânicos deveriam agradecê-lo por ter investido em campos de golfe na Escócia, em vez de "caírem no discurso politicamente correto".
Em declarações ao jornal escocês "Press and Journal", Trump respondeu assim à decisão da Universidade escocesa Robert Gordon, em Aberdeen, de retirar o doutorado honorário concedido ao magnata americano em 2010 após a polêmica gerada por seus comentários que sugeriram que os EUA impedissem a entrada de muçulmanos no país.
O governo escocês também reagiu, e revogou o status de Trump de embaixador da rede empresarial GlobalScot.
Vários políticos - entre eles o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, e a ministra principal da Escócia, Nicola Sturgeon - também criticaram o pré-candidato republicano.
Os comentários causaram uma grande reação entre a população britânica, e 400 mil pessoas já assinaram um pedido ao parlamento para que vete a entrada de Trump no país.
Trump, filho de uma escocesa que migrou para os EUA, é proprietário de dois clubes de golfe na Escócia, o Trump International Golf Links, em Aberdeenshire, e o Trump Turnberry, em Ayrshire.
"Fiz tanto pela Escócia, inclusive construir o Trump International Golf Links, que recebeu os mais altos reconhecimentos, e muitos acham que é um dos maiores campos de golfe do mundo", disse Trump.
Sobre a decisão da Universidade de retirar o doutorado, o político disse que teriam que avisá-lo antes.
"Deveram ter me informado antes do meu grande investimento neste empreendimento, de 200 milhões de libras (R$ 1,15 bilhão), que revitalizará totalmente uma grande região da Escócia", acrescentou.
"Os políticos do Reino Unido deveriam me agradecer caírem no discurso politicamente correto", asseverou.
A grande quantidade de pessoas que assinaram o pedido ao parlamento significa que os deputados considerarão debater a proposta.
Desde este ano, o site parlamentar permite que os usuários enviem pedidos para transmitir suas "preocupações" ao governo e, se alcançarem mais de 100 mil assinaturas, são "consideradas para debate" na Câmara dos Comuns.
O texto sugere "bloquear a entrada de Donald J. Trump no Reino Unido por seu discurso de incitação ao ódio", após os comentários depreciativos e racistas do magnata sobre os muçulmanos.
Além de ter proposto na segunda-feira passada bloquear temporariamente a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, o pré-candidato republicano afirmou que há bairros em Londres "tão radicalizados em que a polícia não entra porque teme por sua vida".
O prefeito de Londres, o conservador Boris Johnson, tachou os comentários de Trump de "tolices" e disse: "A única razão pela qual eu não iria a algumas partes de Nova York é pelo risco de me deparar com Donald Trump".