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Oriente Médio

Mórmons, ainda pouco conhecidos, estão a um passo da Casa Branca

6 nov 2012 - 09h59
(atualizado às 10h25)
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Neutros na campanha eleitoral, embora não indiferentes ao resultado, os mórmons esperam ansiosos pela divulgação do nome do novo presidente dos Estados Unidos, que pela primeira vez na história do país pode levar um dos membros da religião, Mitt Romney, ao salão oval.

Vestindo uma jaqueta militar, o presidente Barack Obama discursa no aeroporto de Green Bay, em Wisconsin. Na reta final da campanha eleitoral nos EUA, Obama e Mitt Romney intensificam os esforços para conquistar os votos dos indecisos
Vestindo uma jaqueta militar, o presidente Barack Obama discursa no aeroporto de Green Bay, em Wisconsin. Na reta final da campanha eleitoral nos EUA, Obama e Mitt Romney intensificam os esforços para conquistar os votos dos indecisos
Foto: AP

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Oficialmente, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, denominação dessa religião, tem uma política de não se envolver em eleições, nem apoiar candidaturas, uma posição que também manteve frente às eleições de terça-feira. "Temos fiéis situados dos dois lados do espectro político", explicou à Agência Efe o responsável de comunicação da igreja mórmon, Eric D. Hawkins, que assegurou que não tiveram contatos com a campanha de Romney, e citou o senador democrata Harry Reid como exemplo de diversidade ideológica na comunidade de sua igreja.

"Estimulamos nossos membros a participar e eleger pessoas que representem as melhores ideias de governo, que sejam ativos em suas comunidades, mas não dizemos em quem votar", disse Hawkins. É certo, no entanto, que as crenças mórmons, apegadas à tradição, à Bíblia e ao sagrado Livro de Mórmon, combinam com um pensamento muito conservador, próximo aos ideais do Partido Republicano.

Os mórmons fazem da religião um modo de vida diário, "não só aos domingos", explicou Hawkins, em que a família é um pilar fundamental. Os fiéis também se opõem ao aborto e à homossexualidade - orientação que consideram pecaminosa, o que gerou muitas críticas a eles nos EUA.

É em assuntos "morais e sociais", segundo Hawkins, que a igreja abandona sua neutralidade para defender a causa que considera mais justa, embora insista que tente não influenciar os políticos "de forma muito direta". Romney procurou dissociar sua fé da campanha, sabendo que poderia encontrar resistência de parte do eleitorado que desconfia de uma religião acusada de poligamia (costume que a igreja erradicou em 1890), trabalhando para evangelizar e diferente do protestantismo generalizado no país.

O candidato republicano disse que sua religião não guiará suas decisões se for eleito presidente, apesar de em 1981 ter sido consagrado como bispo mórmon em Boston e em sua juventude ter sido missionário na França. Em Salt Lake City, capital de Utah, terceiro estado mais conservador dos EUA atrás de Wyoming e Mississipi, além de epicentro da fé mórmon, a ascensão de Romney é vista com bons olhos.

"Isso contribui para que o povo queira saber mais sobre a igreja mórmon", afirmou Hawkins, que analisou que desde os Jogos Olímpicos de Inverno de 2002 realizados em Salt Lake City, a percepção de sua comunidade religiosa foi melhorando. "A conversa evoluiu de falar sobre o que não somos para falar de quem somos", resumiu o porta-voz mórmon.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias se esforçou durante os últimos anos para ser mais acessível à mídia e rejeita o rótulo de instituição "secreta". Foram lançadas campanhas como "I Am Mormon" que entre outubro de 2011 e abril de 2012 encheu de cartazes as ruas de grandes urbes do país.

"'I Am Mormon' permitiu que as pessoas soubessem mais sobre nós e conhecessem quem está por trás da igreja", declarou Hawkins. Entre os mórmons famosos estão Stephenie Meyer, autora da saga "Crepúsculo", o cantor do grupo The Killers, Brandon Flowers e a atriz Katherine Heigl, que foi criada na religião.

A crença também foi objeto de uma sátira musical recentemente, "The Book of Mormon", o que para Hawkins é consequência de ter uma presença maior na cultura popular. "Temos que ver isso como um lado de ser cada vez mais conhecidos", disse.

A fé mórmon é um fenômeno em ascensão e conta com cerca de 14,5 milhões de fiéis em todo o mundo, 8,5 milhões deles fora dos EUA, com presença em 170 países e mais de um 1,6 milhão de membros no Brasil.

Nos últimos 15 anos, mais de 100 templos da religião foram construídos e outros 40 estão sendo projetados. A igreja foi fundada na primeira metade do século XIX com a pregação de Joseph Smith, e implantada em Utah, uma região árida e pouco povoada, para fugir dos que os perseguiam por suas crenças.

Os mórmons seguem a Bíblia e o Livro de Mórmon (a "transcrição" da palavra de Deus por Smith), assim como o exemplo de Jesus Cristo. Acham que Deus fala diretamente aos homens, e têm um profeta e um grupo de apóstolos que zelam pela fé.

Americanos vão às urnas

Os americanos escolhem nesta terça-feira seu presidente. O atual mandatário, o democrata Barack Obama, disputa a preferência dos eleitores com o republicano Mitt Romney. Diferente do Brasil, as eleições americanas são indiretas. O candidato mais votado em cada Estado leva todos os seus delegados. No fim, o candidato com maior número de delegados - e não de votos - sai vencedor. O Terra, maior empresa latino-americana de mídia digital, faz a cobertura completa das eleições presidenciais nos EUA e acompanha a apuração de votos em tempo real.

EFE   
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