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Eleições nos EUA

Hillary perde fôlego antes de último debate democrata para eleições primárias

16 jan 2016 - 20h57
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Os pré-candidatos democratas à Casa Branca realizam amanhã, domingo, seu último debate antes do início do período de eleições primárias em Iowa, com Hillary Clinton como favorita, mas cedendo terreno nas enquetes para Bernie Sanders.

A ex-secretária de Estado e o senador por Vermont se encontrarão, junto com o terceiro participante da disputa, o ex-governador de Maryland, Martin O'Malley, em Charleston, na Carolina do Sul, durante um debate transmitido pela emissora "NBC" em horário nobre.

Trata-se do quarto embate transmitido pela televisão dos pré-candidatos do Partido Democrata aos pleitos presidenciais do próximo dia 8 de novembro, e começará às 21h (horário local, 0h de Brasília) no Gaillard Center de Charleston.

O debate acontece a apenas 15 dias dos "caucus" (assembleias populares) no estado de Iowa, que serão realizados no dia 1º de fevereiro e representam o tiro de largada para a temporada de eleições primárias no país.

Os resultados de Iowa são analisados com lupa porque costumam oferecer uma primeira pista de que candidatos podem conquistar a indicação presidencial nas convenções nacionais de democratas e republicanos, que este ano acontecerão em julho.

Hillary e Sanders, os principais adversários democratas, dado que as chances de triunfo de O'Malley são praticamente nulas, chegam ao debate mais igualados do que previam os analistas, que durante meses subestimaram a competência do senador e viam o processo como uma mera "coroação" da ex-secretária de Estado.

Após um domínio arrasador nas enquetes, a vantagem de dois dígitos da também ex-primeira-dama parece ter se dissipado em Iowa, de acordo com várias pesquisas divulgadas esta semana.

A última enquete, publicada nesta quinta-feira pela Bloomberg e o jornal de Iowa "The Des Moines Register", mostra Hillary com um apoio de 42% entre os eleitores democratas do estado, contra 40% de Sanders, que se define como um "democrata socialista" e se situa à esquerda de sua rival.

Segundo o site Real Clear Politics (RCP), que elabora uma média das enquetes divulgadas no país, a ex-secretária de Estado, de 68 anos, tem hoje em Iowa um respaldo de 46,8%, seguida muito de perto pelo senador, de 74 anos, com 42,8%.

O cenário é pior para Hillary em New Hampshire, estado que seguirá Iowa e realizará primárias em 9 de fevereiro, onde Sanders há tempos aparece como favorito e atualmente alcança um apoio de 48,8%, contra 42,6% da ex-primeira-dama, segundo o RCP.

Em nível nacional, a ex-secretária de Estado também parece estar perdendo fôlego, segundo uma pesquisa publicada na terça-feira passada pelo jornal "The New York Times" e a emissora "CBS", na qual Hillary obtém 48% de respaldo entre o eleitorado democrata, apenas sete pontos percentuais acima de Sanders (41%).

"A imponente liderança de Hillary Clinton em nível nacional perante as primárias democratas se desvaneceu em grande medida", afirmou o "Times" ao lembrar que, há apenas um mês, a vantagem da pré-candidata chegava a 20 pontos.

A média do RCP situa Hillary hoje com um apoio nacional de 48,3%, enquanto Sanders consegue 39,7%.

"A secretária Clinton e sua campanha têm sérios problemas", apressou-se a comentar o veterano senador esta semana, referendado pelas pesquisas.

"Acredito que uma candidata que originalmente se pensava que seria uma candidata consagrada, a candidata inevitável, agora se encontra em uma corrida muito difícil em Iowa e New Hampshire", ressaltou Sanders, ao atribuir os recentes ataques de Hillary contra sua pessoa ao fato de que ela "entendeu que pode perder".

A ex-secretária de Estado quis minimizar e negou toda preocupação sobre a ascensão de seu rival: "Não, não estou nervosa em absoluto", assegurou a candidata na quarta-feira passada, apesar intensificar esta semana as críticas a seu adversário.

Concretamente, Hillary reprovou a postura de Sanders sobre o problema da violência armada no país - o senador rejeitou no passado algumas medidas para impor um maior controle das armas - e a falta de clareza de suas propostas para financiar programas sanitários.

Em uma semana amarga para a pré-candidata, o senador recebeu inclusive uma inesperada ajuda do vice-presidente dos EUA, Joseph Biden, que afirmou em entrevista que Sanders tem "credibilidade" no assunto da desigualdade de renda dos americanos, enquanto que "falar sobre isso é relativamente novo para Hillary".

Embora Iowa e New Hampshire contem com uma população majoritária de raça branca, eleitorado mais próximo de Sanders (ao contrário de estados com maior presença de hispânicos e afro-americanos, mais favoráveis a Hillary), as últimas pesquisas fazem lembrar o fantasma de 2008.

Como se fosse um "déjà vu", Hillary viu então evaporar-se em poucas semanas a ampla vantagem que tinha em Iowa para um então pouco conhecido senador democrata chamado Barack Obama.

A ex-secretária de Estado ficou nos "caucus" de 2008 em um decepcionante terceiro lugar, atrás de Obama, que mais tarde ganhou as eleições presidenciais, e John Edwards, uma derrota que vislumbrou o princípio do fim de seu sonho de chegar à Casa Branca.

Como opina Chris Cillizza, colunista do jornal " Washington Post", "perder Iowa e New Hampshire, algo que agora parece possível se não provável", desencadearia "um pesadelo total" para Hillary.

EFE   
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