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Eleições nos EUA

Hillary e Sanders trocam acusações em debate acalorado

5 fev 2016 - 05h16
(atualizado às 07h56)
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Os dois pré-candidatos à indicação do Partido Democrata para as eleições presidenciais dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Bernie Sanders, se enfrentaram na quinta-feira (4) no debate mais acalorado até o momento da campanha, a cinco dias das eleições primárias em New Hampshire.

O encontro foi a primeira vez em que Hillary Clinton e o senador socialista por Vermont Bernie Sanders debateram téte-à-téte, após a desistência do até então terceiro candidato em disputa, Martin O'Malley, na segunda-feira depois do caucus de Iowa.

A tensão que ficou evidente entre as duas campanhas após o empate técnico em Iowa fez com que o debate fosse o mais dinâmico até o momento, no qual os dois pré-candidatos trocaram acusações e expuseram às claras suas diferenças ideológicas e programáticas.

"Quero construir sobre a base do progresso que já alcançamos. Acredito na universidade acessível, mas não na universidade gratuita. Os números não nos levam para o que propõe o senador Sanders, e os especialistas coincidem em afirmar que suas propostas não são factíveis", disse Hillary logo no início do debate.

A ex-secretária de Estado defendeu a reforma da saúde promovida pelo presidente Barack Obama, algo que já "é real" frente à proposta de Sanders de saúde gratuita e universal, que, nas palavras da pré-candidata, seria o mesmo que "recomeçar do zero com algo que não se sabe se funcionará".

"Quem é a esquerda no Partido Democrata? Segundo a visão de Sanders, nem Obama nem o vice-presidente Joe Biden são progressistas com base nas ideias que defendem", criticou a ex-primeira-dama, que foi acusada várias vezes por seu rival de manter posicionamentos políticos que não são progressistas em temas como o comércio e a regulamentação do setor bancário.

Sanders, por sua vez, respondeu à ex-secretária de Estado assegurando que se nega "a crer que os Estados Unidos" não podem ter uma saúde como a de outros países, onde esta é "um direito" e onde se gasta "muito menos por cabeça" que nos Estados Unidos.

"Tenho muito orgulho de ser o único candidato aqui em cima que não tem um 'SuperPAC' (comitê de ação política), isso é o que se necessita para a revolução política", disse Sanders, ao aludir ao apoio que parte destes grupos e dos grandes doadores deram a Hillary.

Tal declaração fez com que a ex-secretária de Estado criticasse as "insinuações" de Sanders nas quais "dá por feito que todo o mundo que tenha recebido para fazer palestras está comprado", em referência a suas conferências em eventos de grandes bancos de Wall Street, pelas quais recebeu centenas de milhares de dólares.

"Já chega. Se tem algo a dizer, então diga. Não acho que seja possível encontrar na política atual alguém que tenha recebido mais ataques por parte das grandes fortunas do que eu", se queixou a pré-candidata, que assegurou que "as pessoas de Wall Street" estão tentando derrubá-la nesta campanha.

Mesmo assim, e apesar do pedido dos moderadores, a também ex-senadora por Nova York evitou se comprometer a publicar as transcrições de todas as suas palestras contratadas por empresas de Wall Street.

Um dos momentos mais tensos da noite foi quando o senador socialista afirmou que sua rival representa o poder estabelecido e ele os cidadãos comuns.

"(Hillary) Clinton tem o apoio de quase todo o 'establishment'. (Hillary) Clinton representa o 'establishment', eu represento aos cidadãos americanos comuns", declarou Sanders.

O senador acusou a ex-secretária de Estado de representar a elite ao reagir às palavras que Hillary tinha pronunciado momentos antes, quando a pré-candidata garantiu que sente "orgulho" de receber apoio de muitos políticos no estado de Vermont.

Vermont é o estado que Sanders representa no Senado e no qual desenvolveu toda sua carreira política.

"Gente que trabalhou comigo e com Sanders acaba preferindo me apoiar porque sabe que eu posso conseguir as coisas", reiterou a ex-primeira-dama, que recriminou o senador por ser "o único" que caracteriza ela, "uma mulher que está tentando chegar à Casa Branca", como parte do 'establishment'.

Foto: Getty Images
EFE   
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