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Eleições nos EUA

Controle de armas abre lacuna entre pré-candidatos democratas à Casa Branca

17 jan 2016 - 19h39
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A polêmica do controle de armas nos Estados Unidos se transformou na principal lacuna ideológica entre os pré-candidatos democratas à Casa Branca, um assunto que reflete provavelmente as maiores diferenças entre os dois favoritos, Hillary Clinton e Bernie Sanders.

Enquanto o presidente Barack Obama pronunciava na terça-feira passada seu último discurso do Estado da União, no qual manifestou sua rejeição à violência armada e seu convencimento de que o país necessita pôr fim a essa praga, a campanha da ex-secretária de Estado publicava um novo anúncio: "Estou com ele", afirmava.

Hillary, que lidera as enquetes para se transformar na candidata à presidência por seu partido, está vendo como seu principal rival, o senador por Vermont, Bernie Sanders, lhe ameaça nas pesquisas às vésperas do início das primárias, marcado para o dia 1º de fevereiro em Iowa.

Longe de protagonizar grandes enfrentamentos, os dois pré-candidatos, junto ao terceiro na disputa, Martin O'Malley, demonstraram ter mais pontos em comum que diferenças, sobretudo em comparação com a conflitante campanha encenada pelos republicanos.

No entanto, o controle de armas, algo a que os republicanos se opõem unanimemente, e uma possível reforma do sistema para acessá-las, se erigiu no campo de batalha no qual a também ex-primeira-dama decidiu centrar seus esforços para demarcar distâncias e ganhar adeptos.

"Quando realmente importava, o senador Sanders votou a favor do lobby das armas, e eu votei contra o lobby das armas", disse Hillary em entrevista recente à emissora "MSNBC", citando o apoio de seu rival em 2005 a um projeto de lei que concedia proteções legais para os fabricantes de armas.

"Esta é uma diferença importante e talvez seja a hora de o senador Sanders dar um passo adiante e assumir que se equivocou", acrescentou a pré-candidata à Casa Branca.

O senador, original de um estado eminentemente rural e socialmente favorável à livre posse de armas, tem assim neste assunto seu "calcanhar-de-aquiles", embora já tenha mostrado estar aberto a uma reforma legislativa sobre o tema.

"Bernie foi um firme partidário de aumentar a segurança sobre a posse de armas desde que perdeu sua primeira candidatura para o Congresso, em uma campanha na qual apoiou a proibição das armas de assalto", defendeu Jeff Weaver, diretor de campanha de Sanders, em comunicado.

No entanto, a batalha sobre o controle armamentista fez com que Hillary alcançasse importantes respaldos eleitorais de alguns dos bastiões midiáticos nesta matéria no país, como a ex-congressista Gabby Giffords, sobrevivente de um tiroteio que lhe deixou sérias sequelas, e Sybrina Fulton, a mãe de Trayvon Martin, um jovem negro assassinado a tiros por um segurança branco.

Obama anunciou este mês uma nova série de medidas executivas para combater a violência armada após um 2015 no qual se repetiram vários tiroteios, entre eles um com nove mortos em outubro em uma universidade do Oregon, e o de dezembro em San Bernardino (Califórnia), onde morreram 14 pessoas e que é investigado como um "ato de terrorismo".

Embora já tenha tentado sem sucesso em 2012, após o terrível massacre da escola Sandy Hook em Newtown (Connecticut), no qual morreram 20 crianças, Obama tentou pôr de novo o foco nos problemas derivados da violência armada, que deixa por ano cerca de 30.000 mortos por incidentes vinculados às armas no país.

Mesmo assim, apesar de sua insistência, os republicanos se negam de forma contundente a atuar no Legislativo, e longe de provocar uma mudança real, o alcance deste novo interesse político pelo controle de armas poderia limitar-se meramente ao seio da batalha eleitoral pela candidatura democrata à Casa Branca.

EFE   
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