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Eleições nos EUA

Biden ou Clinton, um dilema para Obama

25 ago 2015 - 19h11
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pode enfrentar na reta final do mandato um dos maiores dilemas de sua carreira política: escolher entre o vice-presidente Joe Biden e Hillary Clinton, sua ex-secretária de Estado, para sucedê-lo na Casa Branca.

O cenário de um duelo entre os dois aliados é cada vez mais provável devido aos crescentes indícios de que Biden está avaliando seriamente entrar na corrida pelas primárias democratas, nas quais Hillary é favorita e está em campanha ativa desde abril.

Decidir o apoio caso Biden entre na disputa, algo que pode ser anunciado nas próximas semanas, seria "dramático" para Obama, explicou nesta terça-feira à Agência Efe Susan Burgess, professora de Ciências Políticas na Universidade de Ohio. Especialmente levando em consideração os "altos e baixos" na relação com os Clinton (tanto Hillary como o ex-presidente Bill).

Christopher Arterton, especialista em gestão política na Universidade George Washington, também acredita que seria uma "decisão difícil" para Obama. Porém, indicou que o presidente só deve entrar ativamente na campanha depois de um dos dois vencer oficialmente a indicação democrata.

"Obama é geralmente leal ao seu vice-presidente. Mas tenho certeza que se sente de forma similar em relação a sua ex-secretária de Estado", indicou Jared Bernstein, ex-assessor econômico de Biden, ao jornal digital "The Hill", ao duvidar que o presidente apoie um dos aspirantes durante as primárias democratas.

No entanto, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse ontem que Obama não descarta apoiar um dos candidatos ainda durante as eleições primárias de 2016.

Após a insistência dos jornalistas, Earnest lembrou que Obama considera como sua decisão política "mais inteligente" a escolha de Biden como vice-presidente. Isso, segundo o porta-voz, "dá uma ideia da opinião do líder sobre a aptidão do vice-presidente para estar à frente da Casa Branca".

No entanto, Earnest também enfatizou "o apreço, respeito e admiração" que Obama sente por Hillary.

Após o fim das férias de verão, Obama e Biden almoçaram juntos ontem na Casa Branca. Segundo a emissora "CNN", que cita uma fonte anônima do Partido Democrata, o presidente deu sua "bênção" à candidatura do vice-presidente caso ele decida entrar na corrida.

Em abril, um dia antes de Hillary fazer o anúncio oficial de sua candidatura, Obama se referiu a ela como "amiga" e destacou que a ex-secretária de Estado "seria uma excelente presidente".

Também é conhecida a grande amizade entre as famílias de Obama e Biden desde que ambos chegaram à Casa Branca em 2009. O exemplo mais recente de afeto foi o emocionado discurso do presidente no funeral de Beau Biden, filho do vice-presidente que morreu aos 46 anos vítima de um tumor no cérebro.

Biden está há meses cogitando sua candidatura, mas a morte de Beau, uma das pessoas que mais apoiava a ideia, fez o vice-presidente começar a analisá-la muito mais a sério.

Enquanto Biden, sua família e uma equipe de assessores estudam prós e contras de uma nova campanha rumo à Casa Branca após as tentativas frustradas de 1998 e 2008, alguns grandes doadores dos democratas estão sendo convidados para reuniões com o vice-presidente no início de setembro.

"Ele é uma figura muito popular no partido, um candidato e orador carismático. Atrairia muitos eleitores e, como vice-presidente, conhece os segredos de trabalhar na Casa Branca", disse Burgess.

No entanto, a cientista política indicou que há alguns problemas no passado de Biden que seriam "ressuscitados" no caso de uma nova campanha, como a acusação de que plagiou um discurso eleitoral. Além disso, a idade seria um problema para o vice-presidente, já que, caso eleito, assumiria o cargo com 74 anos.

Para Arterton, Biden "arrisca grande parte de seu legado" tanto se ganhar como perder a corrida presidencial. Em caso de vitória, avalia o especialista, muitos democratas o culparão por entrar no caminho da primeira mulher na história dos EUA com reais chances de chegar à Casa Branca.

O analista que Biden só se candidatará se "estiver claro que Hillary não pode ganhar".

EFE   
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