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Estados Unidos

Defesa admite culpa de acusado de atentado à Maratona de Boston, mas foca em irmão

4 mar 2015 - 17h11
(atualizado às 17h11)
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A advogada do acusado pelas bombas detonadas na Maratona de Boston disse no início de seu julgamento que seu cliente teve responsabilidade nos ataques que mataram três pessoas e feriram 264 com uma admissão chocante: “Foi ele”.

Sobrevivente de atentado à Maratona de Boston chega a julgamento de Dzhokhar Tsarnaev. 04/03/2015.
Sobrevivente de atentado à Maratona de Boston chega a julgamento de Dzhokhar Tsarnaev. 04/03/2015.
Foto: Brian Snyder / Reuters

Mas Dzokhar Tsarnaev teve um papel secundário no atentado de 15 de abril de 2013 e no assassinato a tiros de um policial dias mais tarde, declarou a advogada de defesa Judith Clarke ao iniciar sua argumentação no tribunal distrital de Boston. Ela indicou que o irmão mais velho de seu cliente, Tamerlan, foi o mentor.

A estratégia da defesa, que não incluiu uma mudança na declaração de inocência de Dzokhar, pareceu ter como meta poupar o réu da pena de morte. Se ele for condenado, o júri decidirá se ele será executado ou pegará prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

O promotor-assistente William Weinreb contou aos jurados como os irmãos Tsarnaev, ambos de etnia chechena, escolheram cuidadosamente os locais onde deixaram as bombas na tentativa de punir os Estados Unidos por suas ações militares em países de governo muçulmano.

Weinreb se antecipou à manobra defensiva de imputar a culpa a Tamerlan Tsarnaev, que foi morto quando seu irmão caçula o atropelou acidentalmente depois de um tiroteio com a polícia alguns dias após o atentado.

“O foco estará no réu”, disse o promotor. “Isso porque ele tem direito à defesa. É ele que o governo tem que provar ser culpado, não seu irmão”.

Mas Clarke afirma que o fato de Dzhokhar, então com 19 anos, ter detonado a bomba caseira, feita com uma panela de pressão, na linha de chegada da maratona e três dias depois participado da troca de tiros com o policial que foi morto não conta a história toda.

“Se a única questão é se era Dzhokhar Tsarnaev... seria muito fácil para vocês”, declarou, dizendo que seu cliente foi um coadjuvante no esquema, concebido e levado a cabo por seu irmão.

“Foi Tamerlan Tsarnaev quem se radicalizou. Foi Dzhokhar quem o seguiu”, argumentou Clarke. “As provas irão mostrar que Tamerlan planejou e orquestrou e convocou seu irmão para esta série de atos horrendos”.

A abordagem desencadeou um conflito imediato com o juiz

George O'Toole. Pouco depois dos comentários de abertura, ele determinou que seria melhor que a questão da culpa relativa dos dois irmãos fosse deixada para a segunda fase do julgamento, que ocorrerá na sequência se Dzhokhar for declarado culpado.

“Algum indício das interações do irmão será inevitável”, admitiu O'Toole em breves comentários antes do começo do julgamento. Ele entretanto interrompeu Clarke diversas vezes para alertá-la a não se embrenhar muito no histórico familiar logo no início do processo.

GUERRA SANTA CONTRA OS EUA

Em sua argumentação, Weinreb disse que Dzhokhar leu revistas radicais na Internet, onde aprendeu como fazer as bombas repletas de estilhaços que amputaram as pernas de cerca de 16 pessoas na chegada da corrida.

“Ele acreditou ser um soldado em uma guerra santa contra os norte-americanos”, afirmou Weinreb a respeito de Tsarnaev.

Ele ainda descreveu em detalhes como Dzhokhar matou o irmão na sequência de um confronto armado com a polícia em Watertown, subúrbio de Boston, enquanto os dois tentavam fugir da cidade.

“O réu passou por cima do irmão e arrastou seu corpo por cerca de 15 metros rua abaixo”, disse Weinreb. O réu pretendia atropelar os policiais que buscavam prender a dupla.

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