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Estados Unidos

Crise com Netanyahu lança dúvida sobre promessa de Obama de "sempre apoiar Israel"

20 mar 2015 - 21h11
(atualizado às 21h11)
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que certa vez chegou a declarar que "sempre apoiaria Israel", pode estar repensando a promessa enquanto seus assessores avaliam as opções de resposta ao posicionamento do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, que antes da eleição em seu país disse ser contra uma solução de dois Estados para o conflito no Oriente Médio.

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pronuncia discurso em Jerusalém nesta semana. 17/03/2015
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pronuncia discurso em Jerusalém nesta semana. 17/03/2015
Foto: Uri Lenz / Reuters

Após Obama ter alertado à Organização das Nações Unidas (ONU) que iria "reavaliar" sua relação com Israel, o governo dos EUA passou a não somente reconsiderar a cobertura diplomática que há muito tem proporcionado a Israel, mas também a se debruçar sobre uma série de outras opções para exercer pressão sobre seu aliado histórico, disseram autoridades norte-americanas.

Os EUA consideram, entre as medidas possíveis, assumir um papel menos ativo na proteção de Israel em fóruns internacionais, assim como buscar novas maneiras para reforçar a mensagem de que os EUA se opõem à expansão dos assentamentos judeus em territórios ocupados.

À medida que as discussões prosseguiam nesta sexta-feira, a Casa Branca pareceu não ter pressa em amenizar os ânimos na pior crise das últimas décadas entre EUA e Israel, provocada pela declaração feita por Netanyahu durante sua campanha eleitoral de que nenhum Estado palestino seria criado enquanto ele estivesse no poder em Israel.

A Casa Branca deixou claro pelo segundo dia consecutivo ter pouca confiança nos esforços de Netanyahu em se retratar, após ter assegurado a vitória na eleição de terça-feira. O premiê israelense tem insistido que é a favor de uma solução de dois Estados, há muito uma questão basilar na política de paz para o Oriente Médio promovida pelos EUA.

Até agora, o governo dos EUA não deu nenhuma indicação de que pretenda transformar sua retórica agressiva contra Netanyahu em modificações efetivas de sua política em relação a Israel.

Isso tem levado alguns analistas a questionar se Washington está meramente encenando uma reação, de modo a colocar o líder israelense na defensiva à medida que se aproxima o prazo final, no fim de março, para o encerramento das negociações nucleares com o Irã, ferrenhamente combatidas por Netanyahu.

“O governo está colocando tudo sobre a mesa, exceto a assistência de segurança, e isso vai dar a Netanyahu tempo para retroceder em algumas de suas declarações de maneira mais credível”, disse Daniel Kurtzer, um ex-embaixador dos EUA em Israel. “Eu também não aceitaria nenhuma decisão que fosse tomada antes que a situação em relação às negociações com o Irã se tornasse mais clara.”

Uma autoridade dos EUA se disse cética em relação a qualquer mudança significativa no posicionamento de Washington em relação a Israel, argumentando que, apesar do incômodo da Casa Branca com Netanyahu, haveria um provável custo político muito alto a se pagar internamente com o descontentamento dos norte-americanos favoráveis a Israel.

“Eu simplesmente não acredito em um reposicionamento”, disse o representante do governo, que falou sob condição de anonimato devido à fragilidade das relações entre os EUA e Israel.

Entra os piores riscos sofridos por Israel está uma mudança da postura de Washington na ONU.

Os EUA bloqueiam os esforços dos palestinos para conseguirem obter uma resolução da ONU que reconheça a sua condição de Estado independente, inclusive com ameaças de veto, ao mesmo tempo em que protege Israel do isolamento internacional.

Mas os governos europeus, incentivados pelas declarações de campanha de Netanyahu, podem se unir em mais uma tentativa de forçar uma resolução.

Outra opção que está sendo considerada e que foi mencionada por um representante do governo dos EUA pode também se mostrar polêmica.

Um relatório a ser enviado nas próximas semanas pelo governo ao Congresso sobre as garantias de financiamento dos EUA a Israel, incluindo a quantidade de recursos a ser aplicada em assentamentos, pode conter uma linguagem crítica à expansão de novas construções em território ocupado na Cisjordânia.

Também, embora os EUA não devam reverter sua oposição à integração dos palestinos ao Tribunal Criminal Internacional no próximo mês, Washington pode se tornar menos vocal nas críticas à medida.

(Reportagem adicional de Arshad Mohammed)

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