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Estados Unidos

Conheça opções de Snowden para chegar a Caracas

6 jul 2013 - 09h34
(atualizado às 09h44)
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Edward Snowden é acusado de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo dos EUA
Edward Snowden é acusado de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo dos EUA
Foto: AP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ofereceu "asilo humanitário" ao ex-funcionário da CIA Edward Snowden - procurado pelos Estados Unidos por ter divulgado informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança (NSA na sigla em inglês) - mas isso não quer dizer que os problemas do americano estejam terminados.

Para começar, Snowden teve o passaporte revogado e não há voos comerciais de Moscou - onde ele se encontraria atualmente - para Caracas. Além disso, o incidente da semana passada com o avião do presidente boliviano, Evo Morales, parece indicar que muitos países estariam colaborando com os EUA na caçada ao americano - o que poderia dificultar sua viagem até a Venezuela.

Segundo informações do governo boliviano, França, Itália, Espanha e Portugal não teriam autorizado que a aeronave de Evo, que vinha de Moscou, cruzasse seu espaço aéreo por suspeitas de que o americano estaria à bordo. O avião foi obrigado a pousar em Viena, onde, segundo denúncias de La Paz, teria sido revistado.

Ex-técnico em segurança digital da CIA, Snowden delatou um sistema secreto de monitoramento de informações pessoais nos quais agentes da NSA teriam acesso direto a servidores de nove grandes empresas de internet, incluindo Google, Microsoft, Facebook, Yahoo, Skype e Apple.

As informações teriam sido conseguidas quando Snowden prestava serviço para a NSA. Para escapar de um processo, no início de maio o americano fugiu do Havaí, onde morava, para Hong Kong. Quando uma investigação criminal foi aberta contra ele na Justiça americana, os Estados Unidos pediram sua extradição, mas Snowden conseguiu viajar para Moscou.

Desde então, segundo autoridades russas, ele estaria vivendo em uma área de trânsito do aeroporto de Moscou. Segundo tais autoridades, essa área seria "território neutro" e o americano só passaria para o território russo após atravessar o controle de passaporte.

Opções

Para o ex-ministro das Relações Exteriores mexicano, Jorge Castañeda, será complicado para Snowden chegar a Caracas - mas não impossível. "Muitas questões logísticas precisam ser resolvidas", disse Castañeda à BBC.

Para ele, é preciso considerar que a Venezuela tem mais recursos e influência que a Bolívia - além de aviões com mais autonomia de voo. Com isso, supostamente teria mais facilidade em providenciar tanto os meios quanto os documentos necessários para a viagem do americano. "Os russos querem que ele saia e devem facilitar esse processo", opina Castañeda.

De fato, a Rússia tem dado sinais de impaciência com a permanência de Snowden em Moscou. Na quinta-feira, por exemplo, o vice-chanceler russo disse que Snowden não teria pedido asilo ao seu país e precisaria escolher um lugar para ir.

Ainda assim, para Eric Farnsworth, vice-presidente da ONG Council of the Americas, com sede em Washington, será complicado viabilizar a saída do americano da capital rússia. "Não vejo uma solução imediata para essa situação", diz ele. "Uma alternativa para Snowden poderia ser se abrigar na embaixada da Venezuela em Moscou, assim como Julian Assange está na Embaixada do Equador em Londres". "Outra, seria tentar fazer a viagem de Moscou a Venezuela, parando em países como Cuba, mas vimos o que aconteceu com o avião de Evo Morales".

Consequências

Se há divergências sobre como Snowden poderia fazer para chegar em Caracas, há consenso de que a oferta de asilo tende a aumentar as tensões das relações entre Estados Unidos e Venezuela.

Para Castañeda, Washington pode responder à decisão venezuelana com ações de represália. Ele acredita que o incidente com o avião presidencial boliviano provavelmente influenciou Maduro. "Tal incidente) gerou um clima propício para essa decisão (oferta de asilo) entre países da América Latina, e particularmente da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas)". Pouco antes de a Venezuela oferecer asilo a Snowden, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, havia dito que também estaria considerando essa possibilidade.

Farnsworth diz que, recentemente, os EUA vinham procurando melhorar as relações com Caracas e o episódio envolvendo Snowden vai dificultar esse processo. Para ele, autoridades americanas devem tomar todas as medidas que estiverem a seu alcance para evitar que Snowden consiga chegar na Venezuela. Até o momento, a Casa Branca se recusou a comentar a oferta de Caracas ao ex-funcionário da CIA.

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