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Estados Unidos

Como uma molecagem na escola fez garoto ser multimilionário

19 mai 2015 - 08h34
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Britânico Jack Cator, de 26 anos, criou a Hide My Ass (HMA) há uma década, quando ainda frequentava a escola
Britânico Jack Cator, de 26 anos, criou a Hide My Ass (HMA) há uma década, quando ainda frequentava a escola
Foto: BBC News Brasil

Não há muitas pessoas que se tornaram multimilionárias como consequência direta do desrespeito a regras da escola, mas o britânico Jack Cator é uma delas.

Em 2005, Cator, então com 16 anos, estava irritado porque sua escola em Norfolk, no leste da Inglaterra, havia bloqueado o acesso à rede de computadores da instituição. O objetivo era impedir que os alunos acessassem sites de música e jogos.

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Mas ele, como exímio programador, decidiu usar seu conhecimento para invadir o sistema. "Pensei que seria engraçado furar o bloqueio montado pela escola", diz Cator, agora com 26 anos.

Para fazer isso, ele usou um site que simula a impressão digital de um computador, ao roteá-lo por meio de um servidor remoto, normalmente localizado no exterior, e permitindo ao usuário navegar na internet de modo anônimo e privado. Tais sites franqueiam aos usuários acesso à chamada rede privada virtual (VPN, na sigla em inglês).

Cator fez uma dessas redes funcionar, e rapidamente, em vez de usar um computador da escola para pesquisar seu dever de casa, aproveitava para assistir a seus videoclipes preferidos.

HMA permite a usuários acessar sites que podem estar bloqueados
HMA permite a usuários acessar sites que podem estar bloqueados
Foto: BBC News Brasil

Mas descontente com a qualidade dos então provedores de VPN, que, segundo ele, não eram fáceis de usar e veiculavam muita propaganda, Cator decidiu lançar-se a um desafio maior: criar a sua própria rede.

Foi preciso apenas uma tarde sentado no sofá da casa de seus pais para colocar o site de pé, batizado com um nome impossível de sair da cabeça – Hide My Ass (HMA, ou "Esconda o Meu Traseiro").

Dez anos se passaram e Cator acabou de vender seu negócio – do qual ele era o chefe e o único dono – pelo equivalente a R$ 190 milhões.

A HMA, que Cator transformou em uma das maiores empresas de VPN do mundo, sem o aporte de qualquer investidor externo, foi comprada pela gigante de software AVG.

Já a AVG está trazendo para seu portfólio uma empresa com 2 milhões de clientes, um faturamento anual de 11 milhões de libras (R$ 52 milhões) e um lucro que excede 2 milhões de libras (R$ 9,5 milhões). Pelos termos do acordo de compra, Cator continuará como chefe-executivo da HMA.

'Viralização'

Apesar de ter apenas 16 anos quando criou sua rede, Cator já entendia profundamente sobre arte de promover sites, e também sobre ganhar dinheiro na internet, para se dar conta de que a HMA poderia ser um sucesso comercial.

Naquela época, ele começou a promover o site em fóruns de internet para gerar repercussão.

A HMA ganhava dinheiro com o chamado "programa de afiliados". Em linhas gerais, isso significa receber, por exemplo, uma comissão de um site varejista toda vez que um usuário acessar e compra algo ali por meio de um intermediário, no caso, o site de Cator.

Em um mês após seu lançamento, a HMA já tinha centenas de milhares de usuários espalhados pelo mundo, e faturamento da ordem de 15 mil libras (R$ 71 mil) por ano.

Atualmente, 100 funcionários trabalham no HMA, cujo faturamento dobra a cada ano
Atualmente, 100 funcionários trabalham no HMA, cujo faturamento dobra a cada ano
Foto: BBC News Brasil

"Fiquei muito surpreso como tudo isso viralizou rápido. Nunca montei um plano de negócios ou nada do gênero", relembra.

"Eu lancei o site inteiro em uma única tarde. Mas se as pessoas acham que é uma boa causa, eles vão compartilhá-lo".

Com muito dinheiro no bolso, Cator decidiu permanecer na escola e foi cursar informática na universidade.

Mas em 2009 ele decidiu largar a faculdade para se dedicar integralmente à HMA, criando um serviço pago que possui agora mais de 200 mil assinantes. Juntam-se a esses usuários outros 2 milhões que usam a versão básica gratuita.

Mas para que o seu negócio crescesse, Cator percebeu que precisaria de funcionários, que ele tratou de contratar em um regime de colaboração.

Wikileaks denuncia gasto britânico milionário com Assange:

Para começar, ele empregou pessoas com as quais ele nunca havia falado ao telefone, quiçá se encontrado pessoalmente, incluindo um programador de sites de Kiev, na Ucrânia, e um diretor de serviços ao consumidor baseado em Belgrado, na Sérvia. Por muito tempo, eles só se comunicaram por e-mail, com Cator ainda morando na casa dos pais, em Norfolk.

"Eu recomendaria fortemente essa alternativa, porque você não gasta muito, não precisa de um escritório físico, e pode achar pessoas muito talentosas", diz ele.

Mas na medida em que a empresa cresceu, Cator se deu conta rapidamente das limitações desse sistema.

"Uma coisa de que eu me arrependo é não ter aberto um escritório...e transformar o meu negócio em uma empresa de verdade um pouco mais cedo", acrescenta.

"Quando você cresce muito rápido, chega um ponto em que contratar as pessoas remotamente não é ideal – pois há muita confiança em jogo", diz.

"Em um determinado momento, eu tinha pessoas trabalhando para mim em sete ou oito países, e você não sabe quem elas são até certo ponto", alega.

Cator diz que nome dado à empresa ajudou a promovê-la
Cator diz que nome dado à empresa ajudou a promovê-la
Foto: BBC News Brasil

Cator acrescenta que a gota d'água veio quando um de seus funcionários tentou criar uma empresa concorrente.

Em 2012, o jovem decidiu buscar um teto físico para sua companhia. Ele abriu um escritório e transformou colaboradores de muito tempo em funcionários de tempo integral.

Naquele mesmo ano, Cator se mudou para Londres, onde estabeleceu a sede da HMA no bairro do Soho. Enquanto isso, outros escritórios foram abertos em Belgrado (Sérvia) e em Kiev (Ucrânia).

Atualmente, 100 funcionários trabalham no HMA, cujo faturamento dobra a cada ano.

Polêmica

Provedores de VPN como a HMA oferecem aos usuários numerosas vantagens.

Além de permitir às pessoas acessar sites que, ocasionalmente, estejam bloqueados em determinados países, empresas como a de Cator protegem contra o roubo de informações pessoais por hackers.

No entanto, provedores de VPS ─ que são bloqueados em países como China e Irã – também vêm sendo alvo de críticas.

Enquanto as pessoas podem usá-los para se protegerem na internet, eles também podem ser usados por quem deseja apagar seus rastros nas redes.

Cator diz que a HMA não está mais suscetível a abusos do que qualquer outra companhia de internet, e que sempre fornece qualquer informação solicitada pela polícia.

HMA é bloqueada em vários países, como China e Irã
HMA é bloqueada em vários países, como China e Irã
Foto: BBC News Brasil

Com o negócio previsto para crescer fortemente agora sob o controle da AVG, Cator acrescenta que a HMA não foi apenas bem-sucedida por causa do serviço que oferece.

"Nosso nome tem um papel fundamental nisso", brinca ele.

"As pessoas ficam fascinadas – depois que você ouve, não consegue esquecê-lo".

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Fonte: BBC BRASIL
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