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Oriente Médio

Com Hillary, israelenses e palestinos retomam negociação

2 set 2010 - 11h32
(atualizado às 14h28)
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Israelenses e palestinos retomaram nesta quinta-feira oficialmente nos Estados Unidos o diálogo direto, após 20 meses de conversas estagnadas e dispostos a fazerem concessões "dolorosas", segundo disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, recebe Benjamin Netanyahu (esq.) e Mahmoud Abbas
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, recebe Benjamin Netanyahu (esq.) e Mahmoud Abbas
Foto: Reuters

As conversas foram retomadas em uma cerimônia em Washington auspiciada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, onde ambas as partes mostraram sua disposição de retomar o diálogo para acabar com o conflito "de uma vez por todas" e conseguir um acordo de paz duradouro no prazo de um ano, como marcaram as equipes negociadores.

O objetivo é conseguir um Estado palestino, acabar com a ocupação israelense de 1967 e solucionar os assuntos pendentes que ficam do status final, como a capital de Israel, as fronteiras e a situação dos refugiados palestinos.

Após os discursos iniciais, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, Netanyahu e Hillary se retiraram para começar as conversas no oitavo pavimento do Departamento de Estado, em dependências contíguas ao escritório da chefe da diplomacia americana.

Segundo indicaram fontes do Departamento de Estado, estas conversas durarão aproximadamente três horas. Neste primeiro encontro, as partes esperam estabelecer os próximos passos, com datas e metas concretas, indicou a Efe uma fonte diplomática israelense, que faz parte da negociação.

Está previsto que o enviado especial americano para o Oriente Médio, George Mitchell, ofereça uma entrevista coletiva ao longo da tarde. Mitchell visitou a região em inúmeras ocasiões nestes meses e negociou com as partes para chegar até este encontro.

"A decisão de sentar-se não foi fácil. Entendemos os receios e o ceticismo que tantos sentem, surgidos após anos de conflito e esperanças frustradas (...) agradeço pela coragem e o compromisso", disse Hillary, acompanhada dos líderes e de Mitchell.

"Para os que criticam o processo, estão à margem e dizem não, quero pedir que se unam a nós neste esforço (...) não podemos impor uma solução. Só os senhores podem tomar as decisões necessárias para alcançar um acordo e assegurar um futuro pacífico para os povos israelense e palestino", enfatizou Hillary.

A chefe da diplomacia americana pediu o apoio da Liga Árabe para o avanço das negociações. O primeiro encontro frente a frente entre Netanyahu e Abbas ocorre em meio de grande ceticismo, devido aos dois atentados do grupo extremista Hamas nas últimas 48 horas e a aparente determinação dos israelenses de continuar a construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia.

Netanyahu disse que está disposto a conseguir "um compromisso histórico" para a paz na negociação com o líder palestino, a quem qualificou como "um sócio para a paz".

"Isto não vai ser fácil", reconheceu Netanyahu, quem ressaltou que "uma paz verdadeira e duradoura só será alcançada com concessões mútuas e dolorosas". As negociações se viram ensombreadas por dois ataques reivindicados pelo Hamas nos quais morreram seis colonos judeus.

"Nos últimos dias, atravessamos dificuldades e sangue de inocentes foi derramado", assinalou o primeiro-ministro israelense e agradeceu que o presidente da ANP tenha condenado os ataques do Hamas.

Por sua parte, Abbas reiterou seu desejo de iniciar uma nova era "que traga paz, justiça, segurança e prosperidade para todos", mas reiterou seu pedido aos israelenses pelo fim das atividades nos assentamentos judaicos.

"Mais uma vez queremos declarar nosso compromisso com a segurança e colocar fim à incitação (à violência), mas pedimos aos israelenses que parem suas atividades nos assentamentos e levantem o embargo (a Gaza)", disse Abbas.

O líder palestino lembrou que ainda existem vários obstáculos para chegar a um acordo de paz, embora tenha considerado que será possível "dentro de um ano".

EFE   
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