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Brasil eleva tom por espionagem "econômica" dos EUA e seus parceiros

7 out 2013 - 16h11
(atualizado às 16h29)
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O governo brasileiro elevou o tom nesta segunda-feira ao exigir aos Estados Unidos e a seus aliados que encerrem suas operações de espionagem ao país sul-americano, que, na opinião da presidente Dilma Rousseff, têm "motivos econômicos" e se centraram em setores estratégicos como o mineiro e petroleiro.

As principais queixas do Executivo presidido por Dilma Rousseff se dirigiram ao Canadá, por sua participação direta na espionagem ao Ministério de Minas e Energia, o que foi revelado pela "TV Globo" com base em documentos do ex-analista da CIA Edward Snowden.

O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, convocou com urgência o embaixador canadense, Jamal Khokhar, e manifestou seu repúdio a essa "grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos de pessoas e de empresas" do país, segundo um comunicado.

O Canadá é um dos maiores investidores em mineração no Brasil, onde foram instaladas 55 empresas brasileiras país dedicadas à exploração, 45 de equipamentos e 20 de serviços relacionados com o setor, segundo dados oficiais do país americano.

O Brasil é o maior produtor mundial de niobio, o segundo de ferro, manganês, tantalita, e o terceiro de bauxita, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Além disso, é um importante produtor de ouro, níquel, magnésio, caulim e estanho, entre outros minerais, setor cuja regulação e cujas concessões dependem do Ministério de Minas e Energia.

A reportagem informou que os serviços de inteligência canadenses, em colaboração com a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, elaboraram um detalhado mapa das comunicações que teve o Ministério com organismos e empresas de outros países e, além disso, reuniram dados de telefones e e-mails.

Para Dilma, o novo caso "confirma as razões econômicas e estratégicas por trás" dessas operações de espionagem supostamente lideradas pelos Estados Unidos, país que justifica as operações da NSA por sua luta contra o terrorismo.

As primeiras suspeitas sobre uma possível espionagem industrial surgiram no mês passado, quando os documentos de Snowden revelaram que a NSA capturou dados das comunicações da Petrobras.

A chefe de Estado considerou essas denúncias mais graves inclusive que a espionagem feita pela NSA à própria Dilma e a seus assessores pessoais, também revelada pela imprensa brasileira a partir dos documentos secretos em poder de Snowden.

Segundo Dilma, "tudo indica" que os dados secretos espionados do Brasil foram postos à disposição dos governos de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia e a "milhares de empresas" desses cinco países, o que considerou "inadmissível" entre países que pretendem ser parceiros.

"É urgente que os Estados Unidos e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de uma vez por todas", disse a governante em sua conta no Twitter.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou que ordenou a pedido da presidente um reforço rigoroso dos sistemas de segurança de suas comunicações e uma análise dos documentos que tenham podido ser espionados.

Devido a esses casos de espionagem, Dilma levou seu protesto até a Assembleia Geral da ONU, que considerou "uma violação" da soberania de seu país, "uma afronta" e "uma falta de respeito" que não pode se justificar na luta contra o terrorismo.

Ontem a presidente anunciou que seu governo enviará nos próximos dias ao Congresso uma nova legislação sobre internet, que servirá de base para elaborar uma proposta de regulação internacional do setor que será apresentada à ONU.

Devido à suspeita de espionagem e por entender que o governo de Barack Obama não deu explicações suficientes, Dilma decidiu adiar a visita de Estado que faria a Washington no dia 23.

EFE   
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