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Bebê Sofia recebe alta após transplante raro nos EUA

Procedimento, que durou nove horas, foi coordenado pelo cirurgião brasileiro Rodrigo Vianna

3 jul 2015 - 18h43
(atualizado às 22h16)
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Sofia nasceu com a síndrome de Berdon, doença considerada rara e que compromete o funcionamento de todo o sistema digestivo
Sofia nasceu com a síndrome de Berdon, doença considerada rara e que compromete o funcionamento de todo o sistema digestivo
Foto: Facebook/ Ajude a Sofia / Reprodução

Já está em casa em Miami, nos Estados Unidos, a bebê brasileira Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e meio, que foi submetida a um transplante de múltiplos órgãos em abril deste ano no hospital Jackson Memorial Medical Center, na mesma cidade. A menina deixou o hospital na tarde desta quinta-feira (2), exatamente um ano após chegar com os pais em solo norte-americano.

Mesmo fora do hospital o tratamento deve continuar no formato home care, recebendo visitas semanais de enfermeiros que irão coletar amostras para exames, sendo os demais cuidados ministrados pela mãe, Patrícia Lacerda, e pelo pai, Gilson Gonçalves, que receberam treinamento. A menina já estava de alta médica desde terça-feira, mas alguns medicamentos não ficaram prontos e, por isso foi preciso aguardar no hospital.

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“Ela veio para casa com 17 tipos de medicamentos, com a gastro e a colostomia. Alguns são medicamentos que ela tomará para o resto da vida, outros são necessários para ficar cada vez mais forte”, disse Patrícia. Ela ainda explica que se tratam de vitaminas e medicamentos para evitar que o organismo da filha rejeite os órgãos transplantados. E como a menina ainda não aceita muito bem a comida, ainda receberá uma fórmula (um tipo de leite) que será introduzida via gastro.

Sofia nasceu com a síndrome de Berdon, doença considerada rara e que compromete o funcionamento de todo o sistema digestivo. Por isso ela precisou transplantar cinco órgãos. O procedimento, que durou nove horas, foi coordenado pelo cirurgião brasileiro Rodrigo Vianna.

Quando nasceu, os médicos brasileiros estimaram que Sofia não passaria de um ano de vida.
Quando nasceu, os médicos brasileiros estimaram que Sofia não passaria de um ano de vida.
Foto: Facebook/ Ajude a Sofia / Reprodução

A cirurgia não é realizada no Brasil e para chegar aos EUA a família, que não tinha condições financeiras para arcar com o procedimento, encarou uma batalha judicial para que o governo brasileiro custeasse as despesas com a viagem (em avião equipado com UTI) e com o transplante, estimados em R$ 2 milhões. Quando nasceu, os médicos brasileiros estimaram que Sofia não passaria de um ano de vida.

“Me sinto aliviada. Sabemos que a estrada ainda é longa, mas já demos o principal passo, que foi ela receber os órgãos que precisava e ter uma chance de vida”, disse Patrícia.

Ela revela ainda que, com a alta de Sofia, a família pensa em se mudar de Miami para uma cidade mais tranquila a cerca de 68 km, Deerfield Beach. Isso por conta das despesas com moradia e para ter mais segurança.

Família pensa em se mudar de Miami para uma cidade mais tranquila a cerca de 68 km, Deerfield Beach
Família pensa em se mudar de Miami para uma cidade mais tranquila a cerca de 68 km, Deerfield Beach
Foto: Facebook/ Ajude a Sofia / Reprodução

“Aqui é muito caro, cerca de US$ 2 mil (6 mil reais) mensais e lá é um pouco mais de US$ 1 mil (3 mil reais). E aqui está muito perigoso, tentaram entrar no nosso apartamento duas vezes. E a Sofia não pode ter contato com animais e aqui todos os moradores têm cachorros. Aonde vamos fica bem perto de um hospital, é como uma filial [do Jackson Memorial]. E qualquer emergência tem helicóptero. Só estamos indo depois da liberação dos médicos. Iremos mudar até o final do mês”, explica.

Além de não poder ter contato com animais, os médicos recomendaram que a bebê use máscara quando estiver em lugares fechados e onde haja aglomeração de pessoas, já que os remédios podem baixar a imunidade dela. A família deve ficar nos Estados Unidos por dois anos até que a menina se recupere totalmente. As despesas têm sido custeadas com doações arrecadadas durante campanha.

Só estamos indo depois da liberação dos médicos. Iremos mudar até o final do mês”, explica Patrícia
Só estamos indo depois da liberação dos médicos. Iremos mudar até o final do mês”, explica Patrícia
Foto: Facebook/ Ajude a Sofia / Reprodução

“O meu maior sonho é voltar pra nossa casa. Levar ela bem”, contou. A família é de Votorantim, no interior de São Paulo, mas Sofia nunca conheceu sua casa. Ela nasceu no hospital da Unicamp, em Campinas, e de lá foi transferida para o hospital Samaritano em Sorocaba, cidade próxima a Votorantim, de onde embarcou para os EUA.

Seguidores

A história de Sofia gerou comoção nas redes sociais e repercutiu na imprensa nacional. Antes de conseguir na justiça que o governo brasileiro custeasse o tratamento, a família havia criado a página “Ajude a Sofia” no Facebook para arrecadar fundos para o transplante e divulgar a luta da menina pela vida.

História de Sofia gerou comoção nas redes sociais e repercutiu na imprensa nacional
História de Sofia gerou comoção nas redes sociais e repercutiu na imprensa nacional
Foto: Facebook/ Ajude a Sofia / Reprodução

Atualmente a página tem mais de um milhão e meio de seguidores que interagem com os pais de Sofia e acompanham as publicações, sempre com fotos e vídeos que retratam a evolução do tratamento. Na página também são compartilhados casos de outras crianças que, assim como Sofia, sofrem com doenças graves e enfrentam dificuldades para conseguir tratamento.

Nos posts os pais pedem doações às crianças, por meio do projeto Clique da Esperança, que recebe os donativos e encaminha integralmente às famílias necessitadas.

Família deve ficar nos Estados Unidos por dois anos até que a menina se recupere totalmente
Família deve ficar nos Estados Unidos por dois anos até que a menina se recupere totalmente
Foto: Facebook/ Ajude a Sofia / Reprodução

Na noite desta quinta-feira, dia em que Sofia recebeu alta, Gilson e Patrícia compartilharam com os amigos virtuais uma mensagem de agradecimento.

“É com muita alegria que informo a todos que nossa princesinha está de alta e já está em casa. Esse momento foi muito esperado como todos sabem foi uma grande luta, e poder sentir essa alegria agora é indescritível. Quero muito agradecer a todos vocês que nos ajudaram tanto. Agradecer muito a nosso advogado Dr. Miguel Navarro, porque ele foi essencial nesta vitória. Obrigada também ao Dr. Rodrigo Vianna e toda sua equipe, que cuidaram tanto da nossa bonequinha. Enfim, obrigada a todos ... todos mesmo! Estamos muito felizes. Desde o início eu sabia que o lugar certo para trazer a Sofia era aqui, e por mais que eu escutasse que era impossível, não desisti. Porque por mais que estivesse difícil, eu sabia que a Sofia tinha a promessa de Deus em sua vida. E a cada dia essas promessas se cumprem em sua vida. ‘O impossível não existe’! ”, dizem os pais na mensagem que na sequência traz o link de um vídeo do YouTube que mostra a saída de Sofia do hospital. 

Fonte: Especial para Terra
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