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Estados Unidos

Atirador que matou 13 militares é considerado culpado de todas as acusações

23 ago 2013 - 20h43
(atualizado às 20h47)
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O psiquiatra do Exército americano Nidal Hasan, que matou 13 pessoas na base militar de Fort Hood em 2009, foi considerado culpado de todas as 45 acusações contra ele, incluindo homicídio premeditado e tentativa de assassinato.

Em 5 de novembro de 2009, Hassan abriu fogo contra seus colegas em Fort Hood. Doze dos mortos e 30 dos feridos eram militares. Ele também matou um civil. O tiroteio terminou quando policiais civis o interceptaram fora do prédio, e ele foi ferido, ficando paralítico nos membros inferiores.

O veredicto, decidido por um júri militar em uma Corte Marcial na base do Texas, faz com que o major Nidal Hassan, de 42 anos, possa receber a sentença de pena de morte. O júri voltará a se reunir para deliberar sobre a sentença.

Hassan, de origem muçulmana, escolheu defender a si mesmo e abertamente declarou-se culpado do tiroteio. Na quarta-feira, ele concluiu sua defesa sem convocar testemunhas e não quis apresentar as alegações finais. O soldado criticou, porém, a atuação militar dos EUA no Afeganistão e no Iraque.

No início do julgamento, Hasan chegou a declarar: "as provas vão mostrar que eu sou o atirador".

Sua atitude perante o júri evidencia sua intenção de ser condenado à morte. No Direito militar americano, um julgamento completo deve ser realizado nos casos de pena de morte, mesmo que o réu queria se declarar culpado.

Se Hasan for condenado à morte, será o primeiro militar executado em mais de meio século nos EUA. Essas execuções são pouco comuns, porque devem ser aprovadas pelo presidente. Se apenas um dos 13 jurados votar contra a pena, porém, Hasan será condenado à prisão perpétua.

Considerado um "lobo solitário" da Al-Qaeda, Hasan disse ter matado soldados americanos para evitar que fizessem parte do que ele considera uma guerra ilegal contra os muçulmanos no Afeganistão.

Três semanas antes do tiroteio, Hasan soube que seria enviado para o Afeganistão. Antes de atacar o centro médico da base, ele pegou duas armas de mão. Quando gritou "Allahu akbar" - "Deus é grande", em árabe - e abriu fogo, muitos achavam que fosse um treinamento.

Hasan atirou rápido, atingindo algumas vítimas várias vezes. Um dos mortos, o especialista Frederick Greene foi atingido 12 vezes.

O procurador militar Steven Henricks considerou que Hasan quis cumprir "seu dever de matar em nome da Jihad", acrescentando que, "nesse dia (do ataque), o acusado saiu com a intenção de matar o maior número possível de soldados".

Quando o veredicto foi anunciado, alguns familiares das vítimas se retiraram da sala de audiência com lágrimas nos olhos.

"Que Deus abençoe as vítimas por sua força", escreveu no Twitter a ex-policial Kimberly Munley, ferida no tiroteio.

Munley foi a primeira no local e abriu fogo. Hasan atirou nela três vezes. O sargento Mark Todd, que chegou depois, também abriu fogo e atingiu Hasan várias vezes.

"Foi como na guerra", lembrou Tim Hancock, que era o prefeito de uma cidade próxima da base - Killeen - na época dos fatos.

"Fez-se justiça e, agora, vamos ver o que acontece em seguida. Ainda é difícil de acreditar e ainda é muito triste", disse Hancock.

O episódio despertou temores nos EUA de novos ataques solitários inspirados na Al-Qaeda, mas sem afiliação com qualquer organização.

"Eu defendia minha religião", escreveu Hasan, em carta à AFP, ao criticar a intervenção dos Estados Unidos nos países muçulmanos.

"Uma coisa é os Estados Unidos afirmarem 'nós não queremos ser governados pela sharia', mas não é aceitável ter uma política externa que tente substituir a sharia por uma forma de governo mais secular", alegou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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