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Estados Unidos

Americanos saem às ruas para pedir justiça contra assassino de Trayvon Martin

20 jul 2013 - 19h43
(atualizado às 20h12)
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Milhares de pessoas saíram às ruas neste sábado em 100 cidades dos Estados Unidos para reivindicar justiça no caso da morte do adolescente negro Trayvon Martin, um dia depois que o presidente Barack Obama reavivou o debate racial que rodeia o fato com um discurso emocionante.

Reunidos em frente aos tribunais de cada cidade, os manifestantes pediram ao Departamento de Justiça do país que retome a acusação contra o vigilante George Zimmerman, absolvido há uma semana das acusações pelo assassinato de Martin em fevereiro de 2012.

"Hoje estamos aqui pelo meu filho. Amanhã pode ser o dos senhores", disse a mãe de Trayvon, Sybrina Fulton, durante a manifestação realizada em Nova York, que contou com a presença de Beyoncé e Jay-Z.

O pai do jovem morto, Tracy Martin, disse em Miami que a missão "é assegurar que isto não ocorra com o filho dos outros", comentou perante os 500 presentes no protesto.

A onda de manifestações, chamada "Justiça para Trayvon" e organizada pela Rede Nacional de Ação, aproveita a investigação recém-aberta sobre o caso no Departamento de Justiça para pedir que as autoridades apresentem acusações contra Zimmerman por violação de direitos civis

Os manifestantes também pediram a revisão das leis conhecidas como "Stand your ground", vigentes na Flórida e em outros 20 estados, e que exoneram de culpa a pessoa que, sob ataque ou se sentindo em perigo de morte, use força letal contra o suposto atacante, como Zimmerman afirma que fez.

"Não podemos permitir que digam que isso é legal. Que um homem matou uma criança que ia para sua casa. Não pode continuar assim. Estamos em 2013, não nos anos 50", disse à Agência Efe em Miami Jenny Monis, que afirmava estar ali porque seu filho se "parece com Trayvon Martin".

Obama também criticou na sexta-feira as leis em discurso muito pessoal com o qual se introduziu totalmente no cenário racial do caso, ao compartilhar suas próprias experiências com o racismo e afirmar que Martin "poderia ter sido" ele "há 35 anos".

Em um editoral, o jornal "The New York Times" considerou hoje que com seu discurso, "fez o que nenhum outro presidente poderia ter feito". Obama começou uma nova conversa sobre o racismo, "ao mesmo tempo em que falou diretamenta com os afro-americanos que há muito tempo esperam ouvir como se identificava com suas frustrações".

"É algo muito bom para esta país que tenhamos um presidente que possa fazer o que Obama fez na sexta-feira. É triste que ainda necessitemos que faça isso", disse o jornal.

Nas manifestações deste sábado, os presentes pediram ao líder que traduza essa retórica em uma nova acusação contra Zimmerman.

O acusado, que tinha sido condenado à prisão perpétua antes de ser absolvido, diz que disparou em própria defesa contra Martin, que retornava para casa de seu pai e caminhava por um local de Sanford (Flórida) usando um capuz, o que despertou as suspeitas do vigilante.

"Ele encurralou Martin e disparou por contra o jovem que usava uma capuz. Ser um jovem negro e usar um capuz é visto como algo suspeito nos Estados Unidos", lamentou Cipó Murray, uma jovem de 16 anos que foi ao protesto de Asheville (Carolina do Norte), ao jornal "USA Today".

Segundo o reverendo Al Sharpton, que preside a organização que convocou as manifestações, a campanha de hoje precede uma conferência a próxima semana em Miami para desenvolver um plano a fim de derrubar a lei "Stand Your Ground" da Flórida.

EFE   
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