PUBLICIDADE

Estados Unidos

Ameaça de atentados reforça papel da NSA, dizem congressistas

5 ago 2013 - 18h31
Compartilhar

A ameaça de atentados que levou os Estados Unidos a fechar várias embaixadas e consulados ilustra a utilidade dos programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), alegam seus defensores.

Já os críticos dos programas da NSA questionam o espaço dado a uma ameaça que continua sendo vaga.

Neste fim de semana, congressistas democratas e republicanos se sucederam nas emissoras de televisão para justificar a decisão de manter fechadas até o próximo sábado, 10 de agosto, 19 sedes diplomáticas no Oriente Médio e no norte da África, assim como para lembrar do papel da poderosa NSA, agência encarregada de espionagem eletrônica nos EUA.

A decisão de fechar as representações diplomáticas foi tomada depois que o governo interceptou comunicações entre lideranças da rede Al-Qaeda.

A ameaça "é muito crível e se apoia no trabalho de inteligência", justificou Dutch Ruppersberger, principal congressista democrata na Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes. Segundo ele, "é isso o que faz a NSA, cuja única razão de ser é coletar informação para proteger os americanos contra atentados".

A justificativa aparece em boa hora para uma agência que se encontra sob fogo cruzado de críticas - entre elas, invasão de privacidade e violação dos direitos individuais - por seus programas de vigilância de comunicações eletrônicas.

Em particular, dois programas são alvos de duras críticas: o programa Prism, de vigilância de Internet e, sobretudo, a coleta de "metadados" telefônicos (número e duração da chamada) entregues pelas companhias telefônicas americanas.

O vice-presidente Joe Biden apresentou as ameaças detectadas a vários congressistas. "Isto dá medo. A Al-Qaeda recupera sua ascensão nessa parte do mundo, e o programa da NSA demonstra novamente seu valor", defendeu o senador republicano Lindsay Graham.

"Esses programas são polêmicos, entendemos isso, mas se não tivéssemos esses programas, não poderíamos ouvir nossos inimigos. E eu diria que o programa 702 (o chamado Prism) nos permitiu interceptar esses elementos", reconheceu o também senador republicano Saxby Chambliss, em entrevista à emissora NBC.

Na semana passada, o número dois da NSA, John Inglis, revelou que esses programas contribuíram para desmantelar 54 atentados: 13 nos Estados Unidos, 25 na Europa, cinco na África e 11 na Ásia.

Para o senador democrata, Charles Schumer, o último alerta mostra mais uma vez que a NSA e as demais agências de inteligência são "extremamente boas". São capazes de ouvir o que se diz e de impedir vários atentados terroristas", completou.

"Dito isso, sempre é necessário um equilíbrio entre segurança e liberdades. E sempre estamos em tempo de examinar isso", frisou.

O caráter ambíguo da ameaça - precisa o bastante para gerar um alerta público, mas geograficamente vaga, já que os fechamentos de sedes diplomáticas aconteceram em uma zona muito ampla - deixa alguns perplexos.

O democrata Adam Schiff, membro do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes é cético em relação aos programas de monitoramento. "Se você observar o programa de coleta de 'metadados', não há indícios de que esse programa (...) tenha contribuído para obter informação sobre a ameaça atual", afirmou.

Pensar, porém, que se trata de uma cortina de fumaça, após as dificuldades enfrentadas pela NSA, irrita o republicano Peter King. "É absolutamente descabido dizer que há um complô (...) Eu vi a informação. O governo teria sido totalmente negligente, se não tivesse tomado as decisões que tomou", avaliou.

Continua viva a lembrança das críticas ao governo, após o ataque contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia, que causou a morte de quatro americanos, em setembro de 2012 - disse à CNN Phil Mudd, um ex-agente da CIA e do FBI e hoje especialista da New America Foundation.

Segundo Mudd, o governo não tinha opção. "Alerta-se as pessoas, sabendo que (a ameaça) é muito vaga. Mas se não fizesse isso e algo acontecesse, seria condenado por ter a informação e não ter dito nada", explicou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade