'Foreign Policy' elege os principais pensadores de 2012
26 nov2012 - 17h01
(atualizado às 17h25)
Compartilhar
A revista Foreign Policy publicou a lista composta pelas pessoas que, segundo consideram seus editores, representam o melhor do pensamento crítico do ano de 2012. O grande destaque desta preleção recai sobre Mianmar, que, com a histórica opositora Aung San Suu Kyi e o presidente reformista Thein Sein, encabeçam a compilação de pouco mais de 100 indivíduos.
Assim como no ano passado, diversos nomes ligados à chamada "Primavera Árabe" compõem a lista. Ainda que, segundo a Foreign Policy, este movimento reformista desenvolvido em muitos países árabes viva atualmente uma situação delicada, sobretudo pela guerra civil na Síria, há políticos e ideólogos que mantêm seus ideais vivos. O principal nome é presidente tunisiano, Moncef Marzouki, eleito para o segundo lugar da lista. Ativistas da Síria, do Bahrein e da Arábia Saudita também foram lembrados.
Grande parte da lista é composta por políticos e cientistas sociais dos Estados Unidos e do mundo anglo-saxônico. Deles, ressaltam-se o presidente reeleito, Barack Obama, e o ex-candidato à vice-presidência pela chapa republicana, Paul Ryan. São escolhas curiosas: Obama por ter, segundo a crítica, falhado em propor novas ideias aos Estados Unidos; e Ryan por ser lembrado à revelia de Mitt Romney, o principal nome republicano do ano.
Somente um nome representa a América Latina: Adela Navarro Bello, jornalista mexicana dedicada à investigação da violência e da corrupção ligadas ao narcotráfico no país. Outros países de importantes movimentos em 2012, como Uruguai e suas medidas liberais, ou a Colômbia e a reabertura dos diálogos com as Farc, ficaram fora da lista, que também não traz brasileiros.
Para o topo da lista, a 'Foreign Policy' elegeu dois ícones da resistência e da libertação política da Ásia menor: Aung San Suu Kyi, histórica opositora e hoje membro parlamento de Mianmar, e Thein Sein, político reformista e atual presidente do país. A revista elegeu a dupla por "mostrar que a mudança é possível em qualquer lugar, mesmo sob o jugo dos Estados mais repressivos"
Foto: AFP
Parabenizando-o por "manter vivos os ideais da Primavera Árabe", Moncef Marzouki recebeu a medalha de prata dos maiores pensadores de 2012. Ele é o atual presidente da Tunísia, o primeiro país a disseminar a onda de revoltas e desejo de reformas na virada de 2010 para 2011. A Foreign Policy considera que a Tunísia, muito por obra de Marzouki, é a "principal promessa de sucesso" da Primavera Árabe
Foto: AFP
O casal Clinton foi eleito ao terceiro posto da lista com base em sua defesa do "liberalismo constitucional" e por "seguir pensando no amanhã". Ambos estão atualmente em alta: Hillary Clinton por seu trabalho como Secretára de Estado dos EUA - posto que deve deixar na virada do ano e no início do novo governo Barack Obama -, e seu marido, Bill Clinton, por ter sido uma das principais figuras da reta final da campanha de reeleição do atual presidente democrata
Foto: AFP
Bill e Melinda Gates foram lembrados pelos trabalhos de sua fundação, baseada em Seattle - ela por seu trabalho contra pobreza e miséria em diversas áreas do planeta, e ele pelo esforço de desenvolvimento nas condições sanitárias de populações carentes
Foto: AFP
Mais recente ícone da luta contra a intolerência dos líderes talibãs, Malala Yousafzai entrou no sexto lugar da lista da Foreign Policy. A jovem estudante pasquistanesa escreveu em defesa da extensão da liberdade de estudo e educação às meninas e mulheres e foi baleada por um militante talibã, que a acusou e insultar os "soldados de Allah". Ferida gravemente, ela sobreviveu e se encontra atualmente em tratamento no Reino Unido
Foto: QUEEN ELIZABETH HOSPITAL BIRMINGHAM/HO / AFP
As batalhas retóricas e ideológicas com os republicanos e a busca pelo diálogo e pela confiança com os democratas ao longo da campanha eleitoral de 2012 renderam o sétimo lugar a Barack Obama, reeleito para o próximo mandato na Casa Branca (2013-2016). A revista definiu sua escolha elogiando Obama por "reescrever a marca global americana" - de fato, um dos tópicos centrais de seus debates com o desafiante Mitt Romney
Foto: QUEEN ELIZABETH HOSPITAL BIRMINGHAM/HO / AFP
Talvez não coincidentemente Paul Ryan tenha sido para o lugar imediatamente seguinte a Obama. Ryan, deputado e candidato a vice dos republicanos em 2012, foi uma das suspresas positivas da campanha. Sob diversos aspectos, sai vitorioso da disputa e com futuro político mais promissor que Mitt Romney, o candidato a presidente derrotado
Foto: AFP
Para o nono lugar foi eleito Chen Guangcheng, ativista chinês famoso por sua militância contra o autoritarismo do governo comunista de Pequim. Ele vive atualmente na cidade de Nova York (Estados Unidos). Ai Weiwei, artista e dissidente chinês também foi elencado e entrou para o 26º lugar da lista
Foto: AFP
A chefe de governo da Alemanha, a chanceler conservadora Angela Merkel, conquistou o 12º posto da lista por "recusar-se a desistir do sonho de uma Europa unida". Representante da principal economia europeia, Merkel notabilizou-se ao longo do último ano como principal voz política contra a dissolução da união do Velho Continente
Foto: AFP
A Foreign Policy dedicou o 13º posto à dupla Ehud Barak/Benjamin Netanyahu, respectivamente ministro da Defesa e premiê israelenses, por "forçar o mundo a confrontar o programa nuclear iraniano". Esta bandeira compôs o cerne do discurso de Netanyahu à 67ª Assembleia Geral da ONU, em setembro deste ano
Foto: AFP
A Pussy Riot, banda punk russa crítica da Moscou de Vladimir Putin, conquistou o 16º lugar, dados às integrantes Maria Alyokhina, Yekaterina Samutsevich e Nadezhda Tolokonnikova. Duas delas foram presas e condenadas a dois anos de reclusão em campos prisionais por sua atividade subversiva
Foto: AFP
A Turquia, potência mundial emergente e de papel protagonista no Oriente Médio, compõe a lista com o chanceler Ahmet Davutoglu e o premiê Recep Tayyip Erdogan
Foto: AFP
Inúmeros ativistas de liberdade de direitos humanos de variados países árabes também compõem a lista da Foreign Policy: Rima Dali e Bassel Khartabil (Síria); Mohammad Fahad Al-qahtani (Arábia Saudita); Abdulhadi, Maryam, Zainab Al-khawaja e Nabeel Rajab (Bahrein)
Foto: AFP
Dois famosos escritores ficcionais foram lembrados pela revista: o inglês Salman Rushdie, pela defesa da liberdade de expressão "como se nossa vida dependesse dela"; e o japonês Haruki Murakami, por sua "vasta imaginação de um mundo globalizado"
Foto: AFP
Três filósofos de renome internacional também compõem a lista: o americano Michael Sandel, por "revelar os limites morais do mercado"; o alemão Jürgen Habermas (foto), por vasculhar criticamente a alma europeia; e o esloveno Slavoj Zizek, por "dar voz a uma era do absurdo"