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Espanha pretende discutir a crise do euro na Cúpula Ibero-Americana

13 nov 2012 - 17h14
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O governo espanhol dedicou-se à organização da Cúpula Ibero-Americana de Cádiz para tentar revitalizar o evento após as várias ausências dos últimos anos, e pretende compartilhar uma reflexão com os líderes da América Latina sobre a crise que está assolando a zona do euro.

A Cúpula de Cádiz será a primeira reunião ibero-americana da qual participará o atual chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy, que quer deixar bem claro seu compromisso com a América Latina, a importância estratégica que outorga à região e o reconhecimento de seu crescente papel na economia mundial.

Foram contínuos nos últimos meses os contatos entre representantes do governo espanhol e dos países latino-americanos para garantir uma presença em massa de chefes de Estado em Cádiz.

O resultado desse trabalho, segundo fontes do Executivo de Rajoy, é muito satisfatório, já que só aguardam a confirmação dos líderes da Argentina, Cristina Kirchner, da Venezuela, Hugo Chávez, e de Cuba, Raúl Castro.

Por outro lado, é certa a ausência do presidente do Paraguai, Federico Franco, que já a anunciou para evitar problemas com outros países como os que integram o Mercosul e a Unasul e que lhe vetaram nestes blocos após a destituição do ex-presidente Fernando Lugo.

A Espanha agradece especialmente este gesto, já que sua presença poderia ter dificultado a de outros membros da comunidade ibero-americana.

A notável presença de líderes, segundo as fontes citadas, vai transformar Cádiz na "porta de entrada da América Latina na Europa".

O governo de Mariano Rajoy defende dar à América Latina "o valor que merece" perante sua evolução e respalda uma "relação renovada" que, precisamente, é o lema da cúpula de Cádiz.

Nessa linha, pretende que se reafirme seu valor agregado no cenário internacional, não só do ponto de vista cultural e de valores, mas também econômico. É nesse contexto no qual se considera que as relações da Espanha com a América Latina são fundamentais para combater a crise.

Uma questão perante a qual o governo espanhol acredita que a região tem muito que apresentar por suas experiências na superação das crises que sofreu ao longo de sua história e pelo fato de que tenha conseguido "sem perder a esperança".

"A experiência é um valor e, por isso, este é um bom momento para escutar a América Latina", destacam as fontes do Executivo, que antecipam que Rajoy não evitará a crise da Espanha e da eurozona nem na cúpula em si nem em suas reuniões bilaterais.

Está previsto que, no marco da reunião de Cádiz, Rajoy mantenha encontros separadamente com os presidentes de Colômbia, Equador, Honduras e Chile.

Participará também do almoço que tradicionalmente realizam o rei e o chefe do Executivo com o presidente do México, e do café da manhã de Juan Carlos I com os presidentes da América Central.

Dois outros encontros bilaterais aparecem na agenda de Rajoy: com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.

O governo espanhol, à espera que se concretizem detalhes finais durante o transcurso da cúpula, está também muito satisfeito com a declaração que preveem assinar os chefes de Estado.

Uma declaração que se baseará em seis aspectos: crescimento econômico, infraestrutura, pequenas e médias empresas, fortalecimento institucional, educação e cultura, e coesão social e criação de emprego.

À espera da confirmação da presença da presidente argentina (que, em caso negativo, seria representada por seu vice-presidente, Amado Boudou), a Espanha rejeita enquadrar essa decisão no litígio entre os países pela desapropriação da YPF, filial da companhia petrolífera espanhola Repsol.

O país resiste a relacionar este assunto com a cúpula já que o remete às relações bilaterais, mas reconhece que, da mesma forma que em grande parte das reuniões deste tipo, se falará da segurança jurídica para os investimentos.

A cúpula acontecerá em Cádiz coincidindo com o bicentenário da Constituição espanhola que viu a luz nesta cidade, um texto no qual ainda se citava os territórios ultramarinos como parte da Espanha.

Essa circunstância leva o governo espanhol a outorgar um simbolismo especial a esta cúpula, à qual convidou pela primeira vez o líder da oposição espanhola e secretário-geral do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, e os porta-vozes dos grupos parlamentares. EFE

bb/rsd

EFE   
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