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Escândalo de doping choca Jamaica

15 jul 2013 - 20h28
(atualizado em 16/7/2013 às 13h40)
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Há poucas coisas capazes de chocar a Jamaica. A recente desvalorização do dólar jamaicano frente à moeda americana foi recebida com resignação e altas ocasionais na taxa de criminalidade parecem ter o mesmo efeito ─ uma atitude quase complacente da maioria da população.

No último domingo, no entanto, o resultado positivo de cinco atletas da ilha no exame antidoping foi recebido com um misto de surpresa e descrença.

Asafa Powell, ex-recordista mundial dos 100m rasos e campeão olímpico em Pequim 2008 no revezamento 4x100m, e Sherone Simpson, campeã olímpica em 2004 no revezamento 4x100m e prata em Pequim 2008 nos 100m e em Londres 2012 no 4x100m, estão entre os envolvidos. Os outros três nomes ainda não foram confirmados.

O escândalo dominou o noticiário e dividiu os jamaicanos.

Um dos jornais descreveu o episódio como um "dia de vergonha", enquanto outros se perguntaram se "as pessoas perderam a fé" nos atletas.

'Luz no fim do túnel'

Há motivos para entender a decepção dos jamaicanos. Em um país frequentemente retratado por seus aspectos negativos, o esporte sempre foi visto como uma "luz no fim do túnel".

Essa pequena ilha, com uma população inferior a 3 milhões de habitantes, não tem muito do que se orgulhar, a não ser de seus atletas, cujo sucesso simboliza a determinação do povo jamaicano e sua capacidade de superar as adversidades.

O jamaicano Usain Bolt é atualmente o recordista mundial e o campeão olímpico de 100 e 200 metros. Antes dele, Asafa Powell vangloriava-se de ser o homem mais rápido do mundo entre 2005 e 2008.

As atletas jamaicanas também tiveram trajetória de sucesso semelhante.

Para muitos jamaicanos, no entanto, o dia 14 de julho ficará para sempre na memória como um dos piores dias na história do esporte nacional.

Além de Powell, a medalhista olímpica Sherone Simpson também foi flagrada no exame antidoping.

A notícia de que o americano Tyson Gay, o rival mais próximo de Bolt, também recebeu o resultado positivo foi revelada na manhã desta segunda-feira.

A menos de um mês do início do Mundial, Gay estava em excelente forma física e ameaçava o poderio jamaicano.

Mas surpreendentemente ─ considerando as tensões históricas entre os EUA e a Jamaica ─ o resultado positivo do americano não foi visto como um sinal de alívio.

Em junho, a "queridinha" da Jamaica, Veronica Campbell-Brown, foi pega no exame antidoping duas vezes.

O país ficou em estado de choque, mas os torcedores reagiram com moderação depois que ela negou ter trapaceado, dizendo que não sabia que havia tomado um medicamento contendo um diurético. O assunto foi amplamente discutido nas mídias sociais, mas o teor era mais de apoio do que de condenação.

Assim, quando o resultado do teste de Gay veio à tona, muitos jamaicanos mostraram solidariedade a ele.

Entretanto, cinco resultados positivos para atletas jamaicanos em um único dia não são fáceis de digerir.

O país deveria estar comemorando o seu número de medalhas no campeonato mundial juvenil de atletismo na Ucrânia ─ uma espécie de preparação para o campeonato mundial em Moscou.

Mas em vez de celebrar o resultado dos mais jovens, cresce agora a preocupação da Jamaica com seus atletas mais experientes.

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