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Em meio a ataques, mortes e falhas técnicas, eleição na Nigéria é prorrogada

28 mar 2015 - 22h47
(atualizado às 22h47)
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Ataques, mortes, problemas técnicos e atrasos acabaram prorrogando até este domingo a votação nas eleições gerais da Nigéria – as mais disputadas desde a independência do país, nos anos 60.

A votação vem sendo acompanhada de perto pela comunidade internacional, já que a Nigéria é a maior economia da África e o maior produtor de petróleo do continente.

A prorrogação da votação ocorre, segundo autoridades locais, em apenas partes do país, e não em todo o território.

Ao menos 20 pessoas foram mortas em ataques perpetrados por homens armados em diferentes regiões durante a votação.

Antes da abertura das seções eleitorais, incidentes violentos deixaram outros mortos e feridos. Em Borno (norte), supostos militantes do grupo extremista islâmico Boko Haram mataram 25 pessoas na sexta-feira.

Mesmo diante da ameaça de violência por parte do Boko Haram, milhares de nigerianos saíram para votar.

“Já sofremos demais, tivemos de fugir das nossas casas por causa de tantos ataques”, disse a dona-de-casa Roda Umar. “Estou pronta para encarar o risco de votar.”

A eleição já havia sido adiada (originalmente, ela ocorreria em fevereiro) para permitir que o Exército retomasse territórios capturados pelo grupo extremista.

Em Enugu, autoridades descobriram um carro-bomba pouco antes de ele ser detonado. E também houve ataques no noroeste do país.

Em todos os casos, ainda não está claro se estavam ou não ligados a ações do Boko Haram.

50 minutos

Problemas técnicos com o novo cartão de biometria acabaram atrasando a votação, afetando até mesmo o voto do presidente Goodluck Jonathan.

Os eleitores tinham de registrar suas digitais no sistema antes de votar. Jonathan tentou fazer o procedimento durante 50 ao chegar para votar em sua cidade natal, Otuke.

Então ele desistiu e voltou novamente ao local depois de algum tempo. E a nova tentativa também fracassou, o obrigando a votar em uma cédula tradicional, de papel.

Em muitas zonas eleitorais em que a votação foi concluída, inspetores tiveram de começar a contagem sob faróis de carros ou usando lanternas, já que houve blecaute.

Disputa

Jonathan, que é cristão e vem do sul do país, está disputando o cargo com o ex-governante militar Muhammadu Buhari, um muçulmano que vem do norte e está em sua quarta tentativa de se eleger presidente. Ele já governou o país por quase dois anos após um golpe militar no final de 1983.

O partido de Jonathan – o Partido Democrático do Povo – está no poder desde 1999, com o fim do regime militar no país.

Eleitores também estão votando para escolher deputados e senadores.

Segundo o correspondente da BBC na África Andrew Harding, Jonathan está enfrentando um adversário de peso, fazendo que com que seja difícil se apostar em um vencedor.

“São forças democráticas contra vários grupos dedicados a minar essa disputada eleição”, disse.

“Mas apesar de toda a violência e outros problemas, estamos presenciando incríveis demonstrações de paciência e disciplina por parte de muitos eleitores.”

Segundo Harding, há um sofisticado grupo de eleitores armados com câmeras e redes sociais publicando dados e caçando irregularidades incessantemente.

“Esses pontos positivos podem não serem suficientes para garantir uma eleição livre e justa. Mas há razões para o otimismo, sim. Se o candidato derrotado vai aceitar sua derrota? Bem, essa é uma outra questão.”

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