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Em campanha, Hillary tenta se 'reapresentar' a eleitores

13 jun 2015 - 19h50
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Kim Ghattas

Foto: BBC Mundo / Copyright

Da BBC News

Dois meses após o anúncio de sua pré-candidatura à Presidência dos EUA, Hillary Clinton fez neste sábado seu primeiro grande evento de campanha, em Nova York, prometendo governar para os "americanos comuns" e não apenas "para os que estão no topo".

"Os EUA não podem ser bem-sucedidos se vocês não forem bem-sucedidos", disse Hillary aos eleitores em potencial. Sua campanha tenta retomar os índices de aprovação da candidata, que caíram desde abril.

Ao seu lado estavam o marido, o ex-presidente Bill Clinton, e a filha Chelsea.

Um vídeo biográfico lançado na sexta-feira já deram o tom da campanha: Hillary é mostrada como alguém que lutou pelos direitos de mulheres e crianças, que tem origens de classe média e que, apesar de ter enriquecido e conquistado poder, ainda defende a causa dos mesmos "americanos comuns".

Hillary é favorita, entre os democratas, para disputar com o Partido Republicano as eleições presidenciais de 2016 e pode se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos.

Sua eleição também seria histórica por permitir um feito raro: seria o terceiro mandato consecutivo de um mesmo partido na Casa Branca (e, sem endossar a candidatura dela, o presidente Barack Obama deixou claro que fará o que puder para ajudar a elegê-la).

"O discurso (neste sábado) é uma oportunidade de apresentar a visão estratégica de sua candidatura, energizando os milhões que já a apoiam e formando a base por trás dela", diz Ellen Tauscher, congressista californiana em seu sétimo mandato e forte apoiadora de Hillary.

Aprovação

Mas Hillary tem desafios pela frente.

Polêmicas fartamente noticiadas sobre seu uso de um e-mail pessoal quando era secretária de Estado e o possível conflito de interesses quanto ao fluxo de dinheiro, de doadores estrangeiros, à Fundação Clinton (de seu marido) fizeram com que os índices de favoritismo da candidata caíssem abaixo de 50% - os mais baixos desde sua campanha presidencial prévia, em 2008.

Críticos diziam que ela não havia apresentado uma justificativa clara para sua candidatura e parecia um membro da realeza esperando a coroação - algo que a candidata tentou começar a mudar com o discurso deste sábado, visto como uma oportunidade de reapresentá-la ao público que já a acompanha há quatro décadas (primeiro como primeira-dama do Estado de Arkansas, depois dos EUA, senadora e secretária de Estado).

Bill Clinton e a filha Chelsea participaram do evento em Nova York

Só em seu cargo mais recente ela realmente conseguiu sair da sombra do marido.

Mas, ao contrário de Bill e de Obama, Hillary não é uma oradora natural e sempre evitou discursos altivos, preferindo falas mais práticas.

Neste sábado, ela não detalhou suas propostas - algo que seus assessores dizem que ocorrerá nas próximas semanas, em temas como economia, empregos e acesso à universidade -, mas discursou que "a democracia não pode ser só para bilionários e corporações".

Nos últimos dois meses, Hillary começou a abordar assuntos domésticos cruciais, como imigração, criminalidade e igualdade salarial às mulheres, mas também focou esforços em nichos-chave de eleitores, como latinos, afro-americanos e mulheres.

Primárias

Outro de seus vários desafios na campanha, além da tarefa de arrecadar mais de US$ 1 bilhão, será manter os eleitores e simpatizantes energizados durante as primárias, processo que pode ser tanto desgastante quanto uma mera formalidade - já que seu concorrente mais próximo, o senador socialista Bernie Sanders, está 50 pontos atrás dela.

"Precisamos pensar em como as primárias afetam a energia da base e como sustentar a empolgação (dos simpatizantes)", diz Tracy Sefl, que foi assessora-sênior de um comitê pró-Hillary e permanece próxima à campanha.

"Ainda estamos a 18 meses (do dia da eleição)", agrega.

E a falta de empolgação pode afetar o comparecimento eleitoral (já que o voto não é obrigatório). As consequências disso seriam sentidas também na votação de congressistas.

Muitos integrantes do Partido Democrata teriam preferido que sequer houvesse outros pré-candidatos do partido, para evitar as custosas primárias e concentrar as energias e recursos no enfrentamento ao Partido Republicano.

Outro assessor próximo a Hillary diz, porém, que a certeza de que ela será a escolhida também pode prejudicá-la. Ela, então, rapidamente salutou a entrada de rivais na corrida democrata e concordou em participar de seis debates do Comitê Nacional do partido durante as primárias.

O discurso de Hillary, dentro desse espírito, visa também dar estímulo aos simpatizantes.

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