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Oriente Médio

Irã proibiu funeral aberto para jovem morta durante protesto

23 jun 2009 - 07h26
(atualizado às 14h47)
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O noivo de uma jovem iraniana de 26 anos morta a tiros durante uma manifestação anti-governo em Teerã, no sábado, disse à BBC que as autoridades do país proibiram sua família de realizar um funeral público.

Irã proibe funeral público para a jovem morta em protestos:

Um vídeo que mostra o momento da morte Neda Agha Soltani foi colocado em blogs e sites como YouTube, Twitter e Facebook, e assistido por milhares de pessoas. Uma foto de seu rosto ensanguentado foi usada em protestos realizados na capital iraniana em várias cidades do mundo.

Segundo o noivo de Neda, Caspian Makan, as autoridades religiosas e a milícia Basij, pró-governo, impediram a família de realizar uma cerimônia religiosa dedicada à jovem em uma mesquita por temer que ela se torne um símbolo dos protestos.

"As autoridades estão cientes de que todos no Irã e em várias partes do mundo sabem o que aconteceu com Neda", afirmou Makan, que se identificou como fotojornalista. "Eles temiam que muita gente fosse à cerimônia religiosa, e eles não querem mais confusão."

"Então, por enquanto, não termos permissão para realizar nenhuma reunião ou ato público de homenagem a Neda", explicou ele, na entrevista ao canal de TV BBC Persian.

"Covas prontas"

A jovem foi enterrada no domingo, no cemitério Behesht-e-Zahra, na zona sul de Teerã.

"Eles nos pediram para sepultá-la numa parte do cemitério que, aparentemente, tinha sido separada pelas autoridades para fazer as covas para as pessoas mortas durante os protestos da semana passada", afirmou Makan.

Ele ainda reclamou do fato de as autoridades terem demorado para liberar o corpo de Neda.

"Ela foi levada para um necrotério fora de Teerã, e os funcionários perguntaram se poderiam retirar partes de seu corpo para transplantes médicos. A família concordou porque queriam enterrá-la imediatamente", disse Makan.

"Tiro deliberado"

Segundo ele, Neda não estava participando diretamente dos protestos.

"Ela estava em um carro, com seu professor de música, a alguns quarteirões de distância, presa no congestionamento. Ela estava cansada e com muito calor, então saiu do carro por alguns minutos", disse o noivo.

"Foi aí que aconteceu. As testemunhas disseram e o vídeo mostra claramente que prováveis paramilitares Basij à paisana atiraram nela deliberadamente. Ela foi atingida no peito."

"Ela perdeu os sentidos poucos minutos depois. As pessoas ainda tentaram levá-la para o hospital mais próximo, mas já era tarde mais", descreveu.

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