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Eleições nos EUA terão impacto direto no mapa político de Israel

6 nov 2012 - 08h34
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A disputa pela Presidência americana desta terça-feira terá uma influência direta e decisiva no mapa politico de Israel, que será definido em eleições previstas para janeiro de 2013.

De acordo com analistas locais, protagonistas importantes da política israelense, como o ex-premiê Ehud Olmert e a ex-chanceler Tzipi Livni - ambos do partido de centro Kadima - estão aguardando os resultados das eleições americanas para decidir se vão voltar à vida politica e concorrer às próximas eleições gerais no país.

Se Barack Obama vencer o pleito, provavelmente, Olmert e Livni decidirão retomar a liderança do Kadima para desafiar o bloco de direita formado pelo atual primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e o chanceler Avigdor Lieberman.

Segundo as pesquisas, um bloco de partidos de centro-esquerda, liderado por Olmert, teria chances de vencer o bloco denominado "Bibierman" (apelido da imprensa local à união de Bibi Netanyahu com Lieberman).

"Estou bem tenso quanto aos resultados das eleições nos Estados Unidos", disse o historiador Ron Pundak à BBC Brasil.

Pundak, que foi um dos arquitetos do acordo de paz de Oslo (assinado entre israelenses e palestinos em 1993), disse que as eleições americanas terão um impacto "extremamente significativo" sobre o mapa politico em Israel.

"A vitória de Mitt Romney fortalecerá a campanha de Netanyahu e Lieberman, já a eleição de Obama será favorável para um bloco de centro-esquerda", afirmou.

Amigo pessoal e Irã

Durante os últimos meses, Netanyahu não escondeu sua preferência pelo candidato republicano, que, além de ter visões muito semelhantes sobre o Oriente Médio, também é seu amigo pessoal há mais de 30 anos.

Em 1976, o candidato republicano e o premiê israelense trabalharam juntos em uma empresa de consultoria americana, a Boston Consulting Group.

Durante a campanha eleitoral, Mitt Romney fez uma visita a Israel, na qual foi calorosamente recebido por Netanyahu.

Neste período, o premiê israelense também criticou em termos duros o governo americano, principalmente, em relação à questão iraniana, declarando que Obama, que não concordou em estabelecer um ultimato contra o projeto nuclear do Irã, "não tem direito moral de impôr limites a Israel", em referência a um possível plano israelense de atacar o país persa.

A questão Israel-Irã foi mencionada mais de 30 vezes durante o último debate entre os dois candidatos à eleição americana.

Netanyahu e Romney também têm um financiador em comum - o milionário americano Sheldon Adelson, que doou 100 milhões de dólares para a campanha republicana e é proprietário do jornal israelense Israel Hayom, considerado como o "veículo de Netanyahu".

"Mitt Romney tem posições muito próximas às de Netanyahu, já Obama tem posições semelhantes ao campo de centro-esquerda em Israel, que apoia a solução de dois Estados baseada nas fronteiras de 1967", disse Pundak.

Diálogo de paz e Casa Branca

As relações entre Netanyahu e Obama são consideradas problemáticas e a tensão entre os lideres se agravou principalmente depois que o premiê israelense rejeitou a proposta do presidente americano de basear as negociações com os palestinos nas fronteiras anteriores à guerra de 1967.

Netanyahu afirmou que essas fronteiras são "indefensáveis" e exigiu que a liderança palestina volte à mesa de negociações "sem condições prévias".

No histórico da política do país, candidatos que tenham relações tensas com a Casa Branca tendem a perder o apoio do público israelense.

Um exemplo disso ocorreu em 1992, quando Itzhak Rabin, do Partido Trabalhista, derrotou o líder do Likud, Itzhak Shamir.

Naquela época uma das principais razões apontadas para a vitória de Rabin foi a relação tensa entre o então primeiro-ministro Shamir e o governo americano, liderado por George Bush.

A razão da tensão foi a construção dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, que levou o governo americano a cancelar parte das garantias bancárias para Israel.

Obama

"A esperança do campo de centro-esquerda em Israel é que, em sua segunda gestão, Obama se sinta mais livre para levar adiante seu plano e promover a retomada das negociações entre israelenses e palestinos", disse Pundak.

O vice-primeiro ministro, Silvan Shalom, disse à radio Kol Israel que não considera "tão significativas para Israel" as diferenças entre os dois candidatos às eleições americanas.

"Nos assuntos realmente vitais, Israel sempre teve o apoio dos diversos governos americanos, sejam republicanos ou democratas", afirmou.

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