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Distúrbios no Mundo Árabe

UE pede a Mubarak diálogo imediato com oposição

31 jan 2011 - 11h24
(atualizado às 12h57)
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A Alta Representante da União Europeia (UE), Catherine Ashton, pediu nesta segunda-feira ao presidente egípcio, Hosni Mubarak, um diálogo "pacífico" e "aberto" entre o governo e toda a oposição para responder às reivindicações dos cidadãos do país.

Protestos voltam a se intensificar no Egito:

A chefe da diplomacia europeia ressaltou que as "legítimas preocupações" da sociedade "devem ser atendidas" com "ações concretas", mas não quis pronunciar-se sobre a continuidade ou renúncia de Mubarak à frente do Egito.

"A União Europeia estará presente para apoiar o processo, mas o processo deve ser dirigido pelo povo do Egito", assinalou Ashton, que nesta segunda-feira presidirá uma reunião dos ministros de Exteriores da UE na qual se analisará a situação no norte da África.

Para a chefe da diplomacia comunitária, "o mais importante é que as autoridades egípcias falem de forma aberta e pacífica com todos os partidos da oposição e com a sociedade civil". "Entre os manifestantes há representação de um grande espectro da sociedade egípcia, que está pedindo diálogo e devem consegui-lo", assinalou Ashton.

Além disso, exigiu a libertação imediata de todos os manifestantes pacíficos que foram detidos e reivindicou moderação a todas as partes e especialmente à polícia para evitar mais violência. Ashton ressaltou que a UE defenderá neste processo a democracia, os direitos humanos e o respeito do estado de direito.

"Estamos acompanhando de perto os fatos no Egito", explicou Ashton, ao mencionar que vai reunir ministros de Exteriores. Do encontro de ministros sairão textos nos quais a UE fixará sua posição sobre a crise no Egito e na Tunísia.

Ashton confirmou nesta segunda-feira que receberá esta semana o novo ministro de Exteriores tunisiano, e que lhe transmitirá o desejo europeu de apoiar o país nas fórmulas que eleja para avançar. Hoje, os ministros vão oficializar seu apoio à transição democrática na Tunísia e oferecerão seu apoio técnico e econômico.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro.Depois Já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



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