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Distúrbios no Mundo Árabe

Síria: Ocidente tenta, mas Rússia segue impedindo resolução

1 fev 2012 - 14h19
(atualizado às 14h33)
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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a se reunir na terça-feira para discutir o texto de uma possível resolução contra o regime sírio de Bashar al-Assad, que está há dez meses mergulhado em uma onda de violência. Entretanto, mais uma vez a Rússia se apresentou como principal entrave para a elaboração de qualquer documento por rejeitar a possibilidade de uma intervenção militar externa na Síria, um de seus principais parceiros no Oriente Médio.

O xeque do Catar, Hamad bin Jassim Al-Thani, fez um discurso enfático contra o regime sírio de Bashar al-Assad
O xeque do Catar, Hamad bin Jassim Al-Thani, fez um discurso enfático contra o regime sírio de Bashar al-Assad
Foto: AP

O objetivo do encontro foi tentar encontrar uma solução para a crise síria, que, de acordo com dados da oposição, já deixou mais de 6 mil mortos desde o início das revoltas populares, em março do ano passado. O número não confirmado pelo governo sírio ou organizações independentes. A ONU contabilizava em mais 5 mil o número de mortes, mas admitiu ter perdido a conta após os confrontos violentos que deixaram centenas de mortos na semana passada.

Na abertura do encontro, o primeiro-ministro do Catar, xeque Hamad bin Jassim Al-Thani, falando em nome da Liga Árabe, pediu apoio a um projeto de resolução proposto pelo Marrocos que exige a saída de Assad da presidência da Síria e que ele concorde em colocar fim à repressão e negociar com a oposição. O projeto, que também conta com apoio de países ocidentais e das monarquias do Golfo Pérsico, ainda deixa aberta a porta para uma intervenção militar na Síria.

Al-Thani relembrou que a Liga Árabe precisou retirar seus observadores, enviados à Síria em dezembro de 2011 para tentar aplicar um plano de paz no país, tiveram suas atividades suspensas no dia 28 de janeiro após a repressão aumentar. "Nossos esforços e iniciativas, no entanto, foram inoperantes, porque o governo sírio não fez um esforço real para cooperar conosco e a única solução considerada foi matar eu próprio povo", afirmou. "O banho de sangue continua e a máquina de matar segue em ação", completou.

A Rússia, por sua vez, já anunciou repetidas vezes que vetará qualquer resolução que exija a saída de Assad e intervenções militares. "(O esboço) está perdendo a coisa mais importante: uma cláusula clara que descarte a possibilidade de que a resolução possa justificar uma intervenção militar externa nos assuntos sírios. Por essa razão, eu não vejo a chance de que este esboço possa ser adotado", afirmou o embaixador russo na União Europeia (UE), Vladimir Chizhov. A Rússia é um dos membro permanentes do Conselho de Segurança da ONU, o que garante ao país o direito de voto a qualquer resolução do organismo.

No entanto, o chanceler francês, Alain Juppé, deixou o encontro afirmando que existe uma "chance" de o Conselho chegar a um acordo sobre a resolução nos próximos dias. "Do que escutei, tenho a ideia de que não é completamente impossível que exista uma chance de que nos próximos dias se produza uma aproximação dos diversos pontos de vista", declarou o chanceler. Juppé afirmou que a postura da Rússia em relação a transferência de poder na Síria ainda pode evoluir, mas salientou que "deve se evitar a oposição russa".

A saída imediata de Assad foi defendida em discurso no Conselho pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton. "Todos sabemos que a mudança está chegando na Síria. Apesar das táticas implacáveis, o reino do terror do regime de Assad acabará e o povo da Síria terá a possibilidade de escolher seu próprio destino", disse Hillary. "A pergunta que nos fazemos é quantos civis inocentes morrerão antes de que o país seja capaz de avançar para o tipo de futuro que merece", completou.

A Rússia se opõe a qualquer resolução mais contundente contra o regime de Assad por ser um dos principais parceiros econômicos da Síria, país que recentemente comprou aviões militares de treinamento russos. Em outubro, Rússia e China, outro país com direito de veto, rejeitaram uma resolução que condenava o regime vigente pela onda de violência na Síria. Em contrapartida, os russos propuseram posteriormente uma resolução convocando os dois lados a negociar, algo que a oposição síria se recusa a fazer enquanto Assad seguir no comando.

Fonte: Terra
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