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Oriente Médio

Síria: 89,4% votaram a favor de nova Constituição, diz governo

27 fev 2012 - 11h41
(atualizado às 13h16)
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A televisão oficial síria informou que 89,4% dos cidadãos votaram a favor da nova Constituição no plebiscito realizado no domingo, que foi convocado pelo regime para buscar o respaldo a seu processo de reformas.

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Dos cerca de 14,5 milhões de pessoas com direito a exercer o voto, 57,4% participaram do plebiscito, segundo números divulgados pelo Ministério do Interior sírio, que acrescentou que 9% dos eleitores rejeitaram as emendas constitucionais.

Um total de 7.490.319 pessoas votaram a favor das emendas constitucionais, o que representa 89,4% dos votos, enquanto, no lado contrário, o "não" recebeu 753.208 votos, 9%, segundo as fontes mencionadas.

Além disso, foram contabilizados 132.920 votos inválidos, o que representa 1,6% dos votos emitidos.

Em entrevista coletiva, o general Mohamed Ashaar destacou que os cidadãos participaram da votação apesar de em algumas regiões terem recebido ameaças por parte de supostos grupos terroristas armados, tanto que alguns meios de comunicação lançaram uma campanha contra o processo.

"A Síria merece este avanço civilizado e moderno conseguido por seu povo, que cumpriu com seu compromisso e se deu conta das consequências da conspiração que enfrenta", disse Ashaar.

A nova Carta Magna inclui como principal mudança a supressão do artigo 8, que estipula que o governante partido Baath, no poder desde 1963, é "o líder do estado e da sociedade".

Com o novo texto, redigido por uma comissão de 29 membros, outros partidos terão direito a designar seus candidatos para a Presidência, que fica limitada a um máximo de dois mandatos de sete anos cada um.

Esta emenda entrará em vigor a partir das próximas eleições presidenciais, previstas para 2014, o que permite que o presidente sírio, Bashar al Assad, que está há 12 anos na frente do país após três décadas do governo de seu pai Hafez, possa continuar no cargo durante mais 16 anos, até 2028.

Este plebiscito é o terceiro realizado desde que Assad chegou ao poder: o primeiro foi em 2000, quando 97,29% dos eleitores apoiaram sua nomeação como presidente; e o segundo em 2007, quando 97,62% votaram a favor de sua reeleição.

A realização do plebiscito não impediu que a violência fizesse dezenas de vítimas no domingo em diferentes pontos do país, principalmente na cidade central de Homs, segundo os grupos de oposição, que cifram em mais de 8.500 os mortos desde o início dos protestos em março de 2011.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 7,6 mil pessoas já tenham morrido.

EFE   
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