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Mundo

Simpatizantes e opositores de Mubarak voltam a se enfrentar

2 fev 2011 - 18h49
(atualizado às 20h26)
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Os confrontos entre partidários do presidente egípcio, Hosni Mubarak, e ativistas da oposição voltaram a tumultuar a praça Tahrir, no centro do Cairo, e as ruas adjacentes, durante a noite desta quarta-feira. Fontes de segurança assinalaram que "os choques se estenderam às ruas anexas de Tahrir, especialmente à praça de Abdel Menem Riad e à ponte de Qasr El Nil".

Confronto no Egito tem paus, pedras, cavalos e até camelos:

Um jornalista da AFP escutou disparos e viu uma pessoa ferida à bala. Foram ouvidos pelo menos cinco disparos, sem que tenha sido possível determinar de onde vinham e o tipo de armas utilizadas.

Um jovem foi ferido no peito e foi retirado do local. O exército estava mobilizado massivamente na Praça Tahrir (Libertação, em árabe), cujos acessos permaneciam bloqueados.

Um porta-voz do grupo opositor Movimento 6 de Abril, que prefere se manter no anonimato, afirmou que os enfrentamentos voltaram a acontecer "de maneira parcial" em frente ao Museu Egípcio e na praça de Abdel Menem Riad. "Os manifestantes seguidores do Partido Nacional Democrático (PND, governista) lançaram coquetéis molotov, mas nós continuamos firmes em nossas posições", assinalou o porta-voz.

O porta-voz opositor protestou pela "inação" dos militares mobilizados nos acessos à praça, que "se mantiveram como espectadores", mas reconheceu que eles usaram mangueiras para apagar o incêndio causado pelos coquetéis molotov.

Violentos confrontos opuseram nesta quarta-feira pessoas a favor e contra o presidente Hosni Mubarak. Um recruta das forças armadas morreu e pelo menos 600 pessoas ficaram feridas, segundo um balanço oficial.

Protestos convulsionam o Egito

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. Passaram a fazer parte dela o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro da Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que reinaugurou o cargo de vice-presidente, posto inexistente no país desde 1981. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak. A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. Apesar de os protestos de ontem terem sido pacíficos, a ONU estima que cerca de 300 pessoas já tenham morrido no país desde o início dos protestos.



Fonte: Terra
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