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Oriente Médio

Rebeldes sírios são acusados de recrutar crianças

26 mar 2012 - 21h23
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Rebeldes sírios que lutam para derrubar o presidente Bashar al-Assad foram acusados de usar crianças como combatentes, violando as convenções internacionais que proíbem tal prática, disse uma alta funcionária da ONU na segunda-feira. "Estamos recebendo acusações sobre crianças com o Exército Sírio Livre", disse Radhika Coomaraswamy, representante especial da ONU para crianças e conflitos armados, em resposta a uma pergunta sobre os rebeldes sírios. Ela não deu detalhes. "Não pudemos verificar ou checar a informação", afirmou ela.

Refugiados infantis chegam à fronteira com o Líbano; crianças estariam sendo recrutadas por rebeldes
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Foto: AFP

Não é a primeira vez que os rebeldes sírios são acusados de abusos. Na semana passada, a entidade de direitos humanos Human Rigths Watch disse que grupos armados de oposição a Assad estavam sequestrando, torturando e assassinando policiais, militares e civis leais ao governo.

A representante da ONU falou sobre a Síria numa entrevista coletiva que teve como principal foco o Sudão do Sul, país mais recente do mundo, numa região da África onde tradicionalmente existe preocupação com o uso de crianças como combatentes.

Coomaraswamy disse ser animador que o Exército do Sudão do Sul tenha liberado 3 mil crianças das suas fileiras, e espere liberar outras 2 mil no futuro próximo.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores, sem surtir grandes efeitos. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, as forças de Assad iniciaram uma investida contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. Uma ONG ligada à oposição estima que pelo menos 9 mil pessoas já tenham morrido, número superior aos 8 mil calculados pela ONU.

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